Marisa
Fonseca Diniz
A
mídia é um excelente meio de comunicação e divulgação de produtos, serviços e
novas tecnologias, no entanto, quando o quesito atinge o ser humano passa ser cruel, principalmente no que diz respeito à criação de rótulos que designam o tipo de padrão a ser seguido pela
sociedade.
A
mídia vem massacrando há anos pessoas que não pertencem a determinados padrões de
beleza, classe social, religião, raça, idade e até mesmo orientação sexual. A
falta de bom senso incentivado pelos meios de comunicação tem feito com que
várias pessoas se sintam desprezadas ou inferiorizadas.
O
exagero da indústria de beleza em rotular as pessoas magérrimas como as mais
belas tem criado uma legião de pessoas com distúrbios alimentares na busca do
padrão perfeito. Padrão este que economiza tecido na hora de confeccionar peças
de roupa para os desfiles, pois quanto menos matéria-prima se utiliza mais
lucro se obtém, sendo que a maioria das
numerações de roupas hoje excluem por completo as mulheres com corpos arredondados
e de quadril largo.
Atualmente, o estereótipo da beleza perfeita
dado às mulheres são as de pele branca, olhos claros, cabelos lisos e loiros, mulher
perfeita, no qual não condiz com a realidade das mulheres brasileiras tão
conhecidas por seus corpos esculturais e
bronzeados, característica de pessoas que vivem em países de clima
tropical.
O
desespero causado por este tipo de mídia tem feito com que várias mulheres de
diferentes faixas etárias corram às clínicas clandestinas em busca do corpo
perfeito, arriscando a própria vida a um padrão inaceitável, digno apenas dos
manequins de plástico. Muitas pessoas desconhecem a manipulação das fotografias das modelos que estampam as capas de revista de moda, falhas e imperfeições são corrigidas por meio de softwares de edição de imagens, a fim de deixar as fotos com ótimas definições, a fim de não impactar negativamente os produtos a serem comercializados.
A
intolerância da mídia e da sociedade muitas vezes tem levado a radicalização de
alguns conceitos nada convencionais como a perseguição aos homossexuais, a
generalização das religiões com os atos terroristas, o preconceito quanto à
etnia, raça, idade e diferenças sociais chegando ao grau máximo da violência.
É muito comum nos dias atuais confundir religião com fanatismo religioso e
rotular todas as pessoas como terroristas, quando não, há o preconceito contra as
mais variadas etnias principalmente procedentes de países mais pobres, como se a
pobreza fosse contaminar as pessoas que vivem em países desenvolvidos.
Achar que todos os cidadãos provenientes de determinadas nações
sejam bandidos ou terroristas, é o mesmo que achar que todos os profissionais
desempregados sejam incompetentes. A rotulação vem acabando com a dignidade das
pessoas comuns e transformando-as em seres manipulados pelos perigosos canais
de mídia.
Não
obstante, a ignorância ultrapassa os limites do certo e do errado e tabula
todos os seres humanos que se encontram fora dos padrões como inábeis no mundo todo. Há alguns anos atrás uma empresa americana de mídia
digital excluiu um profissional brasileiro do processo de seleção com
uma resposta sutil e preconceituosa, onde dizia que o candidato a vaga
executiva encontrava-se no lugar certo, porém na hora errada.
É
um erro achar que as pessoas devem seguir padrões específicos na busca de
oportunidades de trabalho. Empresas ainda estão muito restritas a olhar para os
profissionais como se fossem robôs ou produtos em prateleiras de supermercado. Acreditar
que apenas profissionais de determinadas gerações sejam capacitados tem destruído a competição saudável entres as
organizações e criado profissionais facilmente manipulados.
O
mundo globalizado está ficando cada dia mais preconceituoso, desumano e irreal, onde a supremacia da
intolerância reina indiscriminadamente. Se não houver uma mudança generalizada no planeta, daqui a
poucos anos teremos uma parcela enorme de pessoas sofrendo de depressão por não atingirem os padrões determinados pela mídia.
Artigo
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O trabalho Rótulos: ser humano ou produto? de Marisa Fonseca Diniz está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível emhttp://marisadiniznetworking.blogspot.com/2015/06/rotulos-ser-humano-ou-produto.html.
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