Marisa Fonseca Diniz
Oportunidade, segundo o dicionário é um substantivo feminino,
e possui diversas definições. Vamos ver algumas delas:
Nota-se claramente que há muitos significados e
interpretações para uma única palavra, no entanto, nem todas as pessoas conseguem reconhecer uma oportunidade, e por quê? Para entendermos melhor este
assunto é necessário descrever alguns fatos históricos e atuais.
A Grande Recessão ou crise global financeira deu inicio
em setembro do ano de 2008, e foi a mais profunda crise desde a Grande
Depressão de 1930. A Grande Recessão surgiu depois da bolha imobiliária
norte-americana. Em 2002, os bancos americanos aproveitaram o nível
baixo das taxas de juros e começaram a conceder empréstimos a hipotecas de alto
risco para clientes que não possuíam uma boa avaliação de crédito no mercado,
subprime, o crédito fácil fez aumentar a procura por imóveis no mercado e
consequentemente o preço dos mesmos aumentou atraindo mais
investidores ao mercado imobiliário ajudando a alavancar a economia americana
por diversos anos, o que de certa maneira foi excelente, pois mais empregos
foram criados fazendo com que a produção aumentasse.
Com a economia aquecida, os juros foram impulsionados
deixando muitos compradores em dificuldades para saldar suas dívidas juntamente
aos bancos. As hipotecas começaram então a serem executadas fazendo com que os
imóveis voltassem a ser colocados novamente a venda. O aumento da oferta por
sua vez fez com que os preços caíssem e consequentemente a indústria da
construção civil entrou em colapso e os títulos com base nos empréstimos
subprime perderam valor fazendo com que a bolha imobiliária estourasse em 2008.
Instituições financeiras cujos negócios não estavam
diretamente ligadas a essa categoria de empréstimo acabaram mergulhando numa
crise de confiança sem precedentes, o que fez com que as operações de
empréstimo fossem totalmente suspensas gerando dessa maneira uma crise
de crédito que contaminou o mundo todo em poucos dias.
Os efeitos da Grande Recessão foram alarmantes, ou seja,
foi um efeito dominó que tomou conta de todo mundo, pois até os dias atuais
muitos países estão sentindo o efeito da crise em atraso, apesar de muitos anos depois do ocorrido. Segundo a Organização
Internacional do Trabalho – OIT, 20 milhões de empregos no mundo foram extintos
no ano em que ocorreu o estouro da bolha imobiliária devido à forte recessão,
sendo que em 2009 foram contabilizadas o fechamento de mais de 50 milhões de
vagas de emprego devido à crise, os setores mais afetados globalmente foram os
da construção, imobiliário, serviços financeiros e o automotivo.
Na época, o relatório da Organização Internacional do Trabalho
– OIT já previa que até o final do ano de 2017 mais de 201 milhões de pessoas em
todo o mundo estariam desempregadas, uma vez que, o ritmo de crescimento da
força de trabalho superava a geração de empregos. Segundo o relatório da Organização das Nações Unidas –
ONU à época que ocorreu a bolha financeira, já previa que a população mundial iria crescer cerca de 1 milhão, e que este fato agravaria a crise do desemprego, ou seja, mais pessoas passando fome no mundo e
desocupadas.
Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, atualmente a taxa de desocupação
no Brasil é de 9,7%, dados de outubro/2022, 9,7 milhões de pessoas em todo
país estão desempregadas, porém o IBGE só considera desempregado quem não tem
trabalho e procurou nos 30 dias anteriores à semana em que os dados foram
coletados, não incluindo aquelas pessoas que estão em busca de uma recolocação há
mais tempo, o que supõe que a quantidade de pessoas sem emprego no país pode
ser muito maior.
Como não bastassem os efeitos negativos da Grande
Recessão Mundial estamos vivenciando em todo o mundo a 4ª Revolução Industrial,
que é um projeto estratégico de alta tecnologia do governo da Alemanha, no qual
vem sendo trabalhado desde 2013 para levar a produção a uma total independência
da mão de obra humana. Entenda o que foram as Revoluções Industriais até hoje:
A 4ª Revolução Industrial ou Indústria 4.0
desponta como o caminho natural para aumentar a competitividade por meio das
tecnologias digitais sem precisar depender da mão de obra humana.
No Brasil, apesar das empresas estarem em atraso na
implantação da indústria 4.0, a Confederação Nacional da Indústria – CNI afirma
que a integração das tecnologias físicas e digitais em todas as etapas do
desenvolvimento de um produto ainda é complexa, pois 43% das empresas nacionais
não identificam quais tecnologias possuem potencial para alavancar a
competitividade. Nas empresas de pequeno porte o percentual é de 57%, porém nas
grandes o percentual é menor, sendo apenas 32% do total.
A tendência em curto prazo é que todas as empresas
nacionais se adequem a esta tendência mundial, a fim de poderem competir no
mercado global. Note que as empresas com mais capacidade para gerar novas
vagas de emprego são as que estão mais avançadas na implantação da Indústria
4.0, tanto é que o governo brasileiro tem pressa em aprovar novas modalidades
de contratação de trabalhadores, a fim de que mais pessoas possam ter uma renda
sem depender de um emprego formal. O grande empecilho para que essas medidas sejam
empregadas no país atualmente, tem sido a cultura da resistência das pessoas.
O conceito retrogrado atrasa o desenvolvimento em épocas de crise, pois muitas pessoas não aceitam novas formas de trabalho como empreender, mudar de área ou
trabalhar sem ser em regime CLT, pois acredita que o mercado de trabalho possa
vê-lo com maus olhos por acreditar que outras categorias denigrem a imagem do
trabalhador.
Em contrapartida, há profissionais e empreendedores
preocupados com a atual situação no mercado de trabalho, e por si só decidiram mudar suas
estratégias, se atualizando a nova realidade. Muitos tem investido seus
recursos financeiros em áreas diferenciadas nas quais possam aplicar seus
conhecimentos e proporcionar uma melhor qualidade de vida a sociedade de modo
em geral, migrando dessa maneira para outras áreas de atuação, como exemplo, a
sustentabilidade.
A idéia de desenvolvimento sustentável surgiu a partir do conceito do eco-desenvolvimento
proposto na 1ª Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento realizado em 1972 na cidade de Estocolmo, na Suécia. A saber:
Desenvolvimento
Sustentável é aquele capaz de suprir as necessidades dos seres humanos da
atualidade, sem comprometer a capacidade do planeta para atender as futuras
gerações.
Transformar dificuldades em oportunidades faz todo sentido quando nos deparamos com o desenvolvimento de novas ideias, a inovação e sustentabilidade. Desenvolver produtos que possam no futuro próximo proporcionar melhores condições de vida para o ser humano, sem ter que agredir de maneira inexorável o meio ambiente faz toda a diferença para quem busca uma oportunidade no mercado de trabalho por vezes tão saturado e tão distante da realidade.
Várias são as oportunidades que podem ser criadas no mercado, basta olhar além do que se vê, arregaçar as mangas, deixar o medo de lado e seguir adiante na estrada que poderá levar ao sucesso. Se tropeçar e cair, levante e siga adiante, pois os erros fazem com que adquirimos conhecimentos e nos protegem de futuros tombos. Jamais desista, continue tentando, a fim de se adequar a nova realidade do mercado comercial.
Que este artigo possa abrir o horizonte dos profissionais
que queiram fazer a diferença no mercado de trabalho, e não sejam mais um na
multidão, porque reconhecer uma oportunidade no mundo não é para muitos, apenas
a sabedoria adquirida com o tempo e a experiência de vida é que permite que as
pessoas possam transformar dificuldades em azo, independente dos certificados e
diplomas conquistados!
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O trabalho Você sabe reconhecer uma oportunidade? de Marisa Fonseca Diniz está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://marisadiniznetworking.blogspot.com/2017/03/voce-sabe-reconhecer-uma-oportunidade.html.
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