Marisa
Fonseca Diniz
Sai ano e entra ano, e a história é sempre a mesma,
empresas sempre em busca de novos estagiários com a falsa promessa de que
possuem um programa especial de aprendizado para os estudantes estagiarem em
seus estabelecimentos. Raras exceções no mercado de trabalho realmente estão interessados em ensinar, empresas nacionais ainda tem o conceito de que
estagiário é o mesmo que mão de obra barata, ou seja, serve para qualquer
coisa, inclusive fazer cafezinho.
Estagiário é o profissional em começo de carreira, ou
seja, um estudante de curso técnico ou graduação. A função do estágio é
oferecer aos aprendizes o conhecimento prático da profissão possibilitando a prática das matérias teóricas
aprendidas em sala de aula.
No entanto, o que acontece há décadas no mercado de trabalho
nacional é a substituição de profissionais pelo estagiário, que mesmo sem
experiência ou conhecimento são submetidos a atividades aleatórias a teoria
aprendida em seus cursos. Tem muito estagiário recolhendo lixo, tirando
fotocópias, atendendo telefone, carregando tijolo, enfim exercendo atividades randômicas
sem aprender nada de interessante em suas carreiras profissionais.
Reclama-se muito da formação e dos profissionais disponíveis no
mercado de trabalho, porém pouco se tem feito para mudar esta situação. Quando
os jovens aprendizes tentam uma primeira oportunidade de emprego de imediato
são rejeitados por não terem experiência ou conhecimentos necessários na área
de atuação.
Em geral, os estudantes optam pelo estágio a fim de obter
conhecimentos e experiências em sua área de atuação, as empresas invés
de ajudarem a complementar seus cursos técnicos, na verdade vê neste tipo de
pessoa uma oportunidade para explorar e economizar o montante que pagariam a um
profissional formado, capacitado e com experiência.
A economia feita por este tipo de empresário só tem
contribuído para o crescimento alarmante de profissionais inaptos e medíocres
que compõem atualmente o mercado de trabalho, o resultado é caótico para
economia de um modo geral, pois além de não ter qualidade também não evolui.
A Lei Nº 11.788 de 25 de setembro de 2008,
referente a estágio descreve todos os direitos que o estudante tem quando
estagiário, inclusive a definição, classificação e demais informações necessárias
sobre este tipo de trabalho e contratação.
A facilidade na contratação de um estagiário e a ausência
de encargos sociais tem feito com que muitas empresas fraudem a regulamentação
instituída servindo como meio para o trabalho informal, o que prejudica o
aprendizado dos estudantes e sua formação.
A quantidade de classificados em épocas de crise
em busca de estagiários é alta, a descrição das vagas e a exigência
são altas e totalmente inapropriadas se comparadas com a definição do que é ser
um estagiário. Classificados cheios de promessas é outro problema, que faz com
que o estudante perca muito tempo com algo que não cabe em seus estudos.
Abaixo está um bom exemplo de anúncio de vaga de estágio, que respeita o profissional e possui um programa direcionado aos estudantes seguindo a Lei do Estágio:
Há uma grande diferença entre empresas interessadas em
investir nos estudantes/estagiários daqueles estabelecimentos que estão
interessados em explorar profissionais acreditando que a Lei do Estágio facilita
a contratação de mão de obra barata.
Quanto mais pessoas rejeitarem e denunciarem empresas
que oferecem vagas do estilo qualquer coisa serve, mais os
empresários respeitarão os profissionais e estudantes. Quem quer fazer a
diferença no mercado de trabalho tem que exigir seus direitos e não cair em
ciladas!
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1998. É PROIBIDO copiar, imprimir ou
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O trabalho Estagiário não é otário de Marisa Fonseca Diniz está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível emhttp://marisadiniznetworking.blogspot.com/2016/07/estagiario-nao-e-otario.html.
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