Marisa Fonseca Diniz
De uns anos para cá venho me questionado o porquê das
pessoas estarem cada dia mais tentando mostrar de maneira forçosa seu lado
medíocre de ser – com o advento da crise econômica que tem tomado
conta de alguns países, esta observação tem se tornado
mais contundente. Não importa o local em que se esteja, pois de maneira
veemente as pessoas tendem a querer aparecer mais do que os outros de maneira
rude e agressiva, sem perceber o mal que fazem a elas mesmas. Essa ânsia de
querer mostrar competência a qualquer custo tem feito
com que pessoas não passem de seres medíocres, fúteis e ignorantes.
A mediocridade é perceptível principalmente nas redes sociais. Os medíocres possuem a necessidade de ter muitos seguidores, a fim
de que isso faça bem ao ego, acreditando serem ótimos influenciadores, quando na verdade só demonstram sua vulgaridade e falta de noção. Quem muito fala, pouco faz, pois são como palavras jogadas ao vento,
que com o tempo se dissemina.
A sociedade de um modo em geral rotula como competentes
indivíduos que são ótimos em propaganda, sem avaliar a capacidade intelectual de
cada um. O medíocre se apóia no marketing pessoal justamente para criar a
imagem de que é um indivíduo com altas habilidades profissionais, devido à
falta de percepção cognitiva de muitos que os seguem ou os ouvem.
A imagem que o medíocre faz de si próprio é sempre
distorcida, pois ele não possui o hábito de compartilhar conhecimentos
específicos de suas áreas de atuação ou função, preferindo criar novas roupagens
sobre situações nas quais consideram ter sido vítimas de preconceito, quando de
avaliações profissionais, ou seja, direta ou indiretamente sempre falam mal de
pessoas e situações, por se considerarem sempre superiores aos demais, passando
sempre a falsa imagem do que consideram certo.
A busca infinita pela popularidade nas redes sociais é encoberta pela desculpa de se estar fazendo networking, não
importando se os contatos agregados estão no mesmo segmento de trabalho, o que
denota a falta de capacidade do indivíduo em ter percepção para tal.
Não bastando, escrevem livros e textos dando receitas para
o sucesso, que acreditam ter conseguido atingir sem estarem baseados em algum
tipo de estudo específico ou experiência, ou seja, o papel aceita qualquer
bobagem.
A popularidade
extrema nem sempre é vista com bons olhos por alguns empresários ou gestores
especializados em comportamento organizacional, principalmente quando o
profissional em algum momento de sua vida decide procurar uma nova recolocação
no mercado de trabalho acreditando que conseguiu enganar muitas pessoas com
seus discursos acalorados, podendo correr o risco de ser considerado um
indivíduo egocêntrico ou narcisista.
Não longe disso, ainda poderá ser considerado um talento
excepcional devido à agressividade de seu marketing pessoal, conseguindo
atingir dessa maneira gestores e empresas que acreditam em palavras frívolas,
invés de ações. Não é a toa que há tantas pessoas sendo promovidas diariamente
dentro das organizações, não pela sua competência e sim pela sua inépcia, no entanto, ao longo do tempo é que se poderá perceber o mal que este tipo de
indivíduo pode causar as empresas.
Por outro lado, profissionais competentes e inteligentes
são providos de humildade, gostam de ficar no anonimato e sempre acreditam que precisam
estudar e se atualizar constantemente, pois o mundo gira muito rápido, o que
era aprendizado no passado pode não ser mais no presente, ou seja, estas
pessoas são inquietas quanto à sapiência que possuem em suas mentes.
Contrariando o comportamento dos medíocres, pessoas
inteligentes são reservadas, não necessitam impor qualquer tipo de conduta
social de destaque para se sentirem pessoas populares ou queridas, pois ter
muitos amigos não é o foco principal por acreditarem que é supérfluo investir
em uma a vida social agitada.
Na história da humanidade diversos gênios foram descritos
como pessoas solitárias, o que é reprovável pela maioria da sociedade nos dias
atuais por não conseguirem entender o real motivo. Os indivíduos dotados de
inteligência acima da média, tais como os intelectuais, se dão por satisfeitos
quando fazem aquilo que os leva a conquistar determinados resultados, além do
que, eles vivem facilmente de acordo com suas próprias leis, segundo pesquisa
da Brookings Institution.
Após análise do resultado de estudos sobre o
comportamento das pessoas inteligentes, os psicólogos evolutivos Satoshi
Kanzawa da Escola de Economia e Ciência Política de Londres e Norma Lee da
Universidade de Gerenciamento de Singapura (SMU) concluíram que quanto mais
alto for o QI, menor é a necessidade destes indivíduos se relacionarem
constantemente com os amigos.
Jonathan Swift, autor do livro as Viagens de Gulliver,
fez uma observação bem interessante sobre o pensamento dos medíocres em relação
às pessoas inteligentes: quando surge um verdadeiro gênio no mundo facilmente
se pode reconhecê-lo, pois os medíocres conspiram contra eles – assim acontece
nas organizações e na sociedade de um modo geral.
O medíocre se sente ameaçado pelas pessoas inteligentes,
por isso utiliza a ferramenta do marketing pessoal para tentar ocultar a inveja
que sente em relação a estas pessoas e sua falta de capacidade intelectual.
Alguns pensadores da antiguidade tinham a seguinte conclusão sobre os
medíocres: o ignorante estabelece critérios que desqualificam o conhecimento
alheio em favor da sua falta de conhecimento, fazendo idéias falsas sobre si e
o mundo que o cerca de forma errônea e deturpada.
Percebe-se que o problema da mediocridade vem desde a
antiguidade e continua da mesma maneira até os dias atuais. Enquanto as pessoas
intelectualmente desenvolvidas promovem o progresso, os medíocres tendem a
assegurar a estabilidade social.
A mediocridade é o grande flagelo da humanidade, pois a
falta de conhecimento continua sendo a maior causa de guerras, atentados,
terrorismo, fome, doenças, crimes, desemprego, crises, miséria e prejuízos. O
que muitos indivíduos não conseguem entender é que conhecimentos específicos em
matemática, química, física, biologia, filosofia, psicologia etc ou títulos
acadêmicos não fazem com que uma determinada pessoa seja culta, pois seus
conhecimentos são restritos.
A avaliação com base no comportamento de profissionais
com cursos notórios de engenharia, medicina, direito, entre outros, faz com que
haja uma confusão entre sabedoria, inteligência, e experiência, o que é um
erro. O que faz uma pessoa ser culta ou talentosa é a capacidade intelectual
que ela possui em captar e acumular conhecimentos diversos de todas as áreas
tornando-a mais útil a toda a sociedade.
A lição que fica a todos que lêem este artigo é:
Antes de contratarem ou julgarem uma pessoa, veja se ela
é competente a ponto de ser um diferencial significativo dentro da organização
ou se ela é apenas uma pessoa que possui um bom marketing pessoal que a faz ser
uma pessoa popular, mas que pode estar apenas interessada em continuar influenciando
outras pessoas com seus pensamentos nem sempre construtivos.
Artigo protegido pela Lei 9.610 de 19 de fevereiro de
1998. É PROIBIDO copiar, imprimir ou
armazenar de qualquer modo o artigo aqui exposto, pois está registrado.
O trabalho Cuidado: Os medíocres estão a solta na sociedade de Marisa Fonseca Diniz está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Muito bom !
ResponderExcluir