Marisa
Fonseca Diniz
Não há nada pior do
que tentar viver de maneira harmoniosa dentro de uma comunidade sabendo que esta
convivência possa ser a arte mais difícil de acontecer, pois nem sempre as
pessoas estão condicionadas ou dispostas a isso, seja dentro de uma empresa, em
uma escola, em um condomínio, clube recreativo ou até mesmo no lar junto à
família.
Quem já não passou
por uma situação conflitante, onde os habitantes residentes de um condomínio
acreditavam que a fração do seu imóvel ia além da sua propriedade tomando posse
das demais unidades como se fossem parte de um todo pertencente a eles? Imagine
depois de um dia de trabalho exaustivo chegar à sua casa na esperança de relaxar,
porém seus vizinhos da esquerda, direita ou acima decidiram deixar as crianças
brincarem livremente dentro da unidade habitacional permitindo que corram, gritem,
façam algazarra com a sensação de que há um terremoto invadindo o seu lar, e
que o descanso simplesmente fugiu pelos ares?
Pacientemente você
solicita a eles que silencie o barulho, mas por pura pirraça eles não apenas
ignoram o seu pedido como também fazem mais barulho. Este exemplo pode parecer
esdrúxulo, mas saiba que é mais comum do que se pode imaginar, as pessoas na
sua grande maioria não são empáticas, ou seja, não se colocam no lugar do
outro, simplesmente pensam em si próprias e nas suas ansiedades esquecendo-se
por completo dos sentimentos alheios.
Há uma expressão que descreve perfeitamente as situações
que vivemos atualmente na sociedade, as pessoas acham que são o centro do
universo, o solzinho que brilha como se tudo girasse em torno delas mesmas. O
egocentrismo, a maldade e a mesquinharia têm feito com que a vida em sociedade
fique cada dia mais insuportável. Atitudes como estas não ficam restritas
apenas em condomínios, muitas vezes elas são o reflexo do cidadão na rua, no
trabalho, no clube recreativo.
A falta de limites e empatia tem feito com que muitas
vezes este reflexo gere contendas na sociedade, não é difícil percebermos que a
maioria das guerras, por menores que pareçam ser, começam dessa maneira, alguém
discordou da opinião alheia e decidiu agir com estupidez impondo suas regras,
nesse caso a intolerância não fica restrita a um pequeno grupo, em geral, tomam
proporções absurdas e envolvem muito mais pessoas, uma comunidade, uma
sociedade ou vários países, onde pessoas matam outras por ódio sem nem ao menos
saberem a causa, apenas pelo prazer de assim cometerem atrocidades.
Pior quando essa intransigência de opiniões
adentra os ambientes corporativos, não é raro encontrarmos pessoas totalmente
insatisfeitas com suas funções ou com sua chefia acreditando que se estivessem
lá no lugar deles seriam excelentes líderes. Ora, antes mesmo de acusarmos um
ou outro por sua péssima gestão é necessário fazer uma análise profunda do que
é liderança, quais são as características necessárias que um líder necessita
ter para desenvolver bem este papel, e nesse quesito encontramos muitos
entendidos, porém poucos comprometidos.
Liderar é uma arte que poucos seres detêm. Todos almejam a
liderança, porém poucos estão dispostos a pagar o preço da responsabilidade. Ser
líder não é impor ordens, e sim se colocar no lugar do outro, sentir na própria
pele as dificuldades encontradas por aqueles que compõem uma equipe, nde apenas uma minoria está realmente disposta a pagar o preço e abrir mão muitas vezes do conforto ou da tranqüilidade.
O bom líder é aquele que tem consciência de que o primeiro
degrau de sua vida profissional na sua maioria começa na sarjeta. Muitos dos
líderes bem sucedidos de hoje, um dia já tiveram subempregos, ganharam mal,
cansaram de fazer horas extras, deixaram o almoço tranqüilo de lado para comer
um sanduíche requentado, não lamentaram por ter que abrir mão dos seus dias de
descanso, pois eles sabiam que no final o esforço compensaria pela determinação
de que a carreira não ficaria sempre no mesmo degrau, estagnada.
Com toda certeza, a caminhada nunca é fácil
principalmente porque o mundo corporativo é uma guerra constante, sempre há
aqueles que ficam na torcida para aquele sujeito que fica além do expediente de
trabalho cair um dia de queixo no chão, ou quando não, fazem de tudo para
arrancar o tapete daquele indivíduo certinho que não hesita em fazer o trabalho
dele e mais um pouco. Invejosos de plantão e indivíduos maldosos há aos montes
nas empresas.
A história biográfica de Jack Ma, dono do Grupo Alibaba,
é o retrato do quanto é difícil obter sucesso na vida profissional, muitos são
os tropeços e as rejeições, mas com determinação se chega ao topo do sucesso,
por mais que pareça impossível alcançá-lo, jamais desista de seus sonhos mesmo
que as pessoas cheguem até você e diga que a sua ideia não vale nada. Saiba que
um dia a sua ideia pode fazer a diferença na vida de muitos e ser um
diferencial de mercado, onde muitos estão acomodados a fazer sempre a mesma
coisa, inove.
A vida profissional é uma guerra eterna, onde encontramos
muitos acomodados reclamando de tudo, pessoas acovardadas, omissas, invejosas,
indivíduos que fazem de tudo para roubar descaradamente a ideia do outro,
sugadores de energia, pessoas dissimuladas, perigosas e maldosas. O sucesso na
carreira profissional nem sempre acontece de maneira correta, muitas vezes é
necessário esquecer a vida pessoal e dar mais ênfase na profissional para
driblar as dificuldades, engana-se quem acredita que o sucesso vem fácil.
Há uma frase que diz que tudo que vem fácil vai
embora rápido, quantos são aqueles que do nada atingem o sucesso se mantêm por
alguns anos no topo das paradas e de repente quando envelhecem ninguém nem sabe
quem eles são? Muitos que um dia tiveram sucesso repentino podem estar hoje em
uma situação precária ou porque simplesmente no passado esbanjaram tanto que
acabaram perdendo tudo. Este é um exemplo típico de artistas e esportistas.
O sucesso deve estar bem estruturado em alicerces
reforçados para quando vierem às tempestades permaneça em pé, pois tudo que é
construído na areia tende a desmoronar com o tempo. Os sonhos podem demorar a
serem concretizados, mas jamais devem ser deixados de lado, esqueça aquela
velha cobrança de que as pessoas têm que nascer sabendo o que farão em sua vida
adulta, não esqueça que muitos indivíduos só descobrem sua verdadeira aptidão
após o amadurecimento que pode levar anos.
Assim como no caso Jack Ma, muitos outros indivíduos
fizeram história após os 50 anos de idade, o que pode parecer impossível para a
maioria, na verdade é a melhor época, pois o amadurecimento e a
responsabilidade fazem com que muitas pessoas queiram ser e ter um diferencial
na vida, sem se deixar abater pelo envelhecimento. Recordemos o caso de John
Pemberton, que aos 55 anos de idade fez sucesso com a sua formula mágica, a
Coca-Cola, apesar de ter falecido dois anos mais tarde em 1888, o sucesso da
marca persiste até os dias atuais. Quando o cérebro não é exercitado ele
atrofia e faz surgir diversas doenças físicas, psicológicas e espirituais.
Não podemos nos deixar levar pelo sistema retrógrado que
a sociedade impõe aos indivíduos, onde quem sai do eixo se perde e fica fadado
a miséria. A sociedade vive há anos dentro do conceito da primeira revolução
industrial, onde as pessoas ficavam nas linhas de produção durante 8, 10, 12
horas por dia sem tempo de pensar, estudar, viviam exclusivamente para
exercitar um trabalho bitolante e estressante.
A falta de visão global tem feito com que a
maioria das pessoas pense exclusivamente em trabalhar, se aposentar e curtir a
vida, por que não trabalhar e curtir a vida ao mesmo tempo sem ficar pensando
em ter que se aposentar tão precocemente? Por mais que o corpo envelheça com o
tempo, nem sempre o cérebro acompanha este envelhecimento, e é justamente nessa
hora que o ser humano deve pensar em continuar a ser útil.
Atualmente, vivemos em uma sociedade em que as pessoas
estão preocupadas demais com o próprio umbigo sem querer olhar para o
problema do outro e desenvolver ideias geniais que podem sim mudar situações enfadonhas.
É necessário pensar em sermos mais úteis a todos os outros seres nos colocando
dentro da dificuldade do outro e colocar a cabeça para funcionar, a vida não é
um mar de rosas. Se pararmos para pensar, invés de ficarmos criando problemas
para o nosso vizinho, nosso colega de classe ou sermos intransigentes em nossas
opiniões enxergando nas dificuldades alheias soluções viáveis para tornar o dia
muito mais agradável, nós seremos capazes de evoluir espiritualmente tornando o
mundo mais suportável e desenvolvido. Pequenas atitudes que podem fazer toda a
diferença não apenas na nossa vida como na vida de muitos indivíduos.
Muitas pessoas
fecham o olho para o filho, os pais, os colegas, amigos, que estão em situações
degradantes, onde falta oportunidade, comida, roupa para vestir, pois há o
pensamento de que o outro está nessa situação porque ele quer, e o ser egoísta
está pouco se importando com aquele que assim como ele merece ter uma vida mais
digna.
O amor tem se esfriado a cada dia que passa e
mais pessoas tem mostrado o seu lado egocêntrico, poucas são as ações
voluntárias e humanitárias que acontecem ao redor do mundo. Há milhões de
pessoas morrendo de fome, doentes, em guerras civis espalhadas pelo mundo a
fora, em contrapartida a milhares de outros indivíduos que acreditam que essas
situações devem acontecer, a fim de que seja feita uma limpeza excluindo o excesso
de seres na face da Terra.
Qual o tipo de sociedade que estamos deixando para as
próximas gerações? Pense, reflita coloque-se no lugar do outro, e veja o que
está fazendo de melhor para mudar a sociedade atual.
Quando nos colocamos no lugar do outro, seja
numa empresa, em um condomínio, numa comunidade, na escola ou no clube
recreativo estamos dando a chance a nós mesmos de perceber as dificuldades
pelos quais as outras pessoas passam, a empatia faz com que possamos evoluir
como seres humanos evitando dessa maneira a intransigência diária, o egoísmo, a
falta de noção e a falta de entendimento, pois a guerra nunca foi e nunca será
a melhor solução.
Se quisermos ter uma sociedade mais evoluída teremos sim
que ter consciência de que isso só será possível quando nos colocarmos no lugar
do outro permitindo que as futuras gerações possam ter um mundo mais suportável
e sustentável.
Faça a sua parte e seja diferente!
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O trabalho A difícil arte de viver em sociedade de Marisa Fonseca Diniz está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://marisadiniznetworking.blogspot.com/2017/10/a-dificil-arte-de-viver-em-sociedade.html.
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