Marisa
Fonseca Diniz
É notório que há muitos anos o ser humano insiste em querer
ser o que não é sufocando muitas vezes aqueles nos quais acredita ser mais
fraco do que si mesmo, esquecendo-se por completo que a fraqueza nem sempre está
naqueles que subjulga. A concorrência desleal entre as pessoas tem posto de
lado as virtudes revelando o lado inescrupuloso dos indivíduos.
Desde a antiguidade, os manipuladores do poder já se
utilizavam de subterfúgios para se dar bem às custas alheias, pois suas estratégias
políticas e comerciais sempre estiveram acima de qualquer suspeita não importando os danos causados aos seus
súditos. Atualmente percebemos que nada mudou, ou seja, apenas os anos passaram.
A arrogância de certas pessoas que se encontram no poder
e que se consideram acima de qualquer suspeita e até mesmo da lei tem permitido
que tiranos cruéis sejam escalonados e subam ao poder máximo de governos e
corporações ludibriando pobres mortais néscios nos quais acreditam poder ter uma vida mais digna sem serem escravizados.
O poder político, econômico e social se encontra nas mãos
de poucas pessoas, que exploram desmedidamente pessoas indefesas ludibriando a
ingenuidade alheia com falsas promessas de que tudo pode mudar a partir do momento
que forem eleitos ou colocados em cargos superiores.
Vergonhosamente são mais de 767 milhões de pessoas em todo mundo que vive em extrema pobreza, em compensação a quantidade de milionários não ultrapassa a 2.100. O que faz acreditar que a minoria domina a maioria por meio da exploração e violação de direitos, no qual não tem capacidade suficiente e muito menos poder para impedir todo este despautério social.
Ironicamente, os países com os governantes mais corruptos
são justamente aqueles em que os recursos não chegam à população ficando as
riquezas do país concentrada na mão de poucos e dos poderosos que governam.
Enquanto a miséria cresce gradativamente no mundo, não
sendo privilégio apenas dos países pobres, os tiranos se multiplicam como
ratazanas no lixo. A demagogia política que corre na veia dos poderosos coloca
em risco a vida de muitas pessoas, que inocentemente acreditam em suas
promessas.
A arte de conduzir o povo é uma maneira de manipular a
população com promessas que jamais serão
concretizadas, pois visam à conquista do poder político e as suas vantagens. A
estratégia político-ideológica utiliza argumentos populistas, apelativos, emocionais e irracionais que visam
proveito próprio, omitindo os dados reais.
A maneira como alguns déspotas agem na sociedade faz toda
a diferença na hora de pedir votos, seja de maneira direta ou indireta, depois
de eleitos não medem esforços para ignorar e se afastar de vez daqueles que um
dia os elegeram. A soberania do poder mostra o lado mais negro e cruel daqueles
que deveriam criar ações sociais, econômicas e políticas em pró a sociedade
como um todo, a fim de que todos pudessem ter uma vida mais digna. Porém, o que
vemos na maioria das vezes é a propaganda enganosa e populista da criação de
pacotes sociais de recursos mínimos e indignos de sobrevivência para agraciar
os eleitores em troca da perpetuação de seus mandatos.
O jogo de interesses em que os candidatos ao poder
soberano de países e corporações fazem é o de encantar seus súditos com falsas
promessas de que quando eleitos ou contratados acabarão de vez com a
insegurança, falta de oportunidades, ineficiência educacional, o caos na saúde,
e que a comunicação entre os comandantes e comandados será maravilhoso, balela.
O poder é o brilho dos olhos daqueles que pensam apenas em si mesmos sem se importar com o mal que provocam aos outros. Quando falamos em tiranos cruéis, logo vem à mente grandes ditadores, tais como Hitler, Mussolini, Stalin, Mao Zedong, Papa Doc, Pinochet, Ferdinand Marcos, entre tantos outros, porém nos esquecemos de que ainda há muitos no poder e ao derredor dele a espera de reconhecimento popular. A frase popular lobo em pele cordeiro nunca foi tão real como nos dias atuais, nada muda, a mesma sociedade que elegeu no passado ditadores cruéis que mataram milhares de pessoas inocentes é a mesma que permite que corruptos subam ao poder por meio de palavras doces e cheias de más intenções.
O comportamento populista autoritário é mais comum do que
se pode imaginar, muitos alegam que esta ideologia política pertence à
esquerda, porém nem de direita e nem de centro. O populismo é basicamente uma
maneira de exercer o poder dando importância às classes sociais menos
favorecidas, conquistando a confiança. Depois de conquistado a tal confiança, os
poderosos tem o consentimento para exercer o autoritarismo, dominação essa que
raramente é percebida por quem é dominado.
O detentor do poder autoritário populista tem uma forma
de manipular amigável, ele não necessita de intermediadores, o contato é direto,
e as palavras utilizadas para encantar é a preocupação com a situação
individual criando laços afetivos que permitirão aplausos da grande massa
popular das classes média e baixa que confia naquele candidato, déspota ou
líder, no qual ele considera como um amigo do povo e não um político
inescrupuloso.
Atualmente, os governos populistas se multiplicam pelo
mundo a fora, não estando apenas nos continentes com maior concentração de
classes sociais baixas ou médias, como é o caso da América Latina. O presidente
americano é um exemplo típico de governo populista autoritário, entre tantos
outros como o Reino Unido, a Alemanha, Áustria e a França.
Mediante o caos político e econômico em que se encontra o
Brasil, não é à toa que temos presenciado tantas argumentações eleitoreiras sem
fundamento, todos querem poder, porém pouquíssimos são aqueles que estão
fundamentados em programas políticos, econômicos e sociais que irão beneficiar
a população brasileira. A maioria dos candidatos à presidência, congresso
nacional, senado, assembleias legislativas e governo dos estados estão mais preocupados
em atacar um ao outro do que apresentar propostas que irão beneficiar a todos.
O populismo autoritário se repete tanto na conquista pelo voto direto das
classes sociais mais baixas como nas mais altas, não ficando mais restrito a candidatos de esquerda, mas também os de
centro e direita.
A classe brasileira mais abastada composta por grandes
empresários, militares e inconformados com a atual situação pelo qual o país
vem passando elegeu seu próprio candidato que prega aos quatro cantos do país a
moralidade, a justiça, e a honestidade, porém de maneira autoritária. A
rejeição por aqueles que são considerados um mau exemplo no país tem feito com
que uma legião de zumbis manipulados encare essa disputa de maneira acirrada,
impondo goela abaixo as promessas vazias de justiça com as próprias mãos, porém
esquecem que não vivemos mais em tempos medievais.
Do outro lado o candidato também populista, que se
encontra encarcerado por escândalos de corrupção, levantava até pouco tempo
atrás, a bandeira da injustiça social, e que apesar de ter governado por oito
anos consecutivos, não conseguiu zerar os problemas sociais, políticos e
econômicos do país e sua sucessora de confiança afundou de vez o país na lama,
onde a recessão colocou vários trabalhadores na rua, a margem da pobreza.
O que muitos acreditam ser uma solução é na verdade uma
cilada política para manter tiranos no poder, a fim de se deliciarem com a
abundância de recursos financeiros e assim manter o esquema de corrupção
beneficiando a si mesmos e seus aliados. Infelizmente, poucos são aqueles
indivíduos que estão realmente interessados em dar ao povo os benefícios que
lhes cabe quando do pagamento de tributos e enxergam que quanto mais o povo for
beneficiado maior será a renda financeira que um país terá, consequentemente
mais desenvolvido será.
Enquanto isso não acontece viveremos todos nós a sombra
de ditaduras comunistas, socialistas e militares, onde se prega muito a
democracia, porém não a vemos e tão pouco a vivenciamos. As antigas gerações
reclamavam do autoritarismo de governantes que direta e indiretamente mataram
diversos inocentes em câmaras de gás, porém agora não muito diferente do que
antes, mata-se a população de fome e sede. Sem forças e dignidade para lutar, o
indivíduo acaba elegendo qualquer um, sem se preocupar se o candidato irá ou
não cumprir promessas construtivas.
Quando uma parte da população perde a esperança de ter um
futuro melhor, perde também à vontade de eleger o candidato que fará com que o
país ande para frente dando condições dignas a todos. É um erro achar que o
povo se satisfaz com pequenas ajudas financeiras, todos tem o direito de ter
uma vida digna, pois direta e indiretamente todos pagam muito caro por isso.
Não sejamos hipócritas, juntos poderemos construir um mundo muito
mais digno e igualitário sem ideologias baratas e tiranos populistas. Que os
pulhas que ocupam hoje as cadeiras do congresso sejam colocados para fora, pois
chegou a hora de desratizar o poder nacional!
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1998. É PROIBIDO copiar, imprimir ou
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O trabalho Desratizando o poder de Marisa Fonseca Diniz está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://marisadiniznetworking.blogspot.com/2018/10/desratizando-o-poder.html.
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