Marisa
Fonseca Diniz
A Revolução Industrial teve um marco significativo na
construção da economia das nações ao mesmo tempo em que, contribuiu para o
aumento da degradação do meio ambiente. O capitalismo foi consolidado pela
revolução mundial, onde a indústria era considerada uma atividade econômica de
vanguarda.
No entanto, no final
do mês de novembro, 2018, a Organização das Nações Unidas, ONU, Meio Ambiente
divulgou um relatório no qual relata que as emissões globais de dióxido de
carbono (CO2) aumentaram no ano de 2017, após três anos sem ter
qualquer tipo de alteração no nível de emissão. O CO2 é um gás que retêm
o calor na atmosfera e é amplamente responsável pelo aumento das temperaturas
ao redor do planeta de acordo com pesquisas científicas. O fato é que, os
países em sua maioria tem feito vista grossa para o Acordo de Paris que
estipula que o aquecimento global fique abaixo dos 2ºC com relação aos níveis
pré-industriais.
O relatório da Eco Experts de 2018 afirmou que os
níveis globais de poluição por ar, luz e ruído tem um impacto real sobre a
saúde e o bem-estar das pessoas, por outro lado a Organização Mundial da Saúde,
OMS, relata que nove em cada dez pessoas em todo o mundo respiram ar poluído. O
agravante nos dados da OMS é de que cerca de 7 milhões de pessoas morrem por
ano em decorrência da poluição, pois partículas finas de ar poluído penetram
profundamente nos pulmões e no sistema cardiovascular, causando doenças como
derrame, câncer de pulmão, infecções respiratórias, pneumonia,
doenças cardíacas, entre outras 100 tipos de doenças que surgem no decorrer
dos anos.
É mais alarmante pensar que o relatório de 2018 da The
Lancet Countdown, Tracking Progress on Health and Climate Change, mostra que o
aumento das temperaturas é o resultado da mudança climática, no qual tem
colocado em risco a saúde de idosos e crianças prematuras principalmente
àquelas que vivem nas regiões da Europa e a leste do mediterrâneo, que tem
ultrapassado as temperaturas atuais da África e do sudeste asiático.
Na Europa e no Mediterrâneo Oriental a proporção de idosos
acima dos 65 anos está em entorno dos 43%, sendo eles mais vulneráveis ao calor,
acima dos 38% do total de vulneráveis na África e 34% na Ásia, ou seja, no ano
2015 milhões de pessoas morreram em consequência de doenças causadas pelo ar poluído.
Gregor Kiesewetter, pesquisador do IIASA liderou a
equipe do programa de pesquisa Poluição do Ar e Gases de Efeito Estufa, no qual,
estimou os perigos da poluição do ar à saúde humana e as mortes decorrentes ao problema. Kiesewetter e sua equipe de pesquisadores descobriram que apenas o
carvão corresponde a 16% das mortes prematuras relacionadas com a poluição, ou
seja, cerca de 460.000 (Fonte: International Institute for Applied Systems Analysis
- Nov/2018).
A urbanização é uma das grandes fontes de poluição, o que
implica diversos problemas ambientais, tais como o aumento do volume de
esgotos, os congestionamentos de tráfego, a quantidade de lixo produzido, entre
outros, tanto é que pesquisas revelam o quanto a poluição tem destruído o meio
ambiente das grandes cidades ao redor do mundo.
Não apenas as indústrias, o transporte, a geração de
energia e a agricultura contribuem para o aumento da poluição como também as
residências que utilizam combustíveis sólidos como a biomassa e o carvão. As
alterações climáticas vêm contribuindo com o aumento do calor e das
temperaturas em todo planeta, o que agrava a poluição atmosférica urbana, sendo
o principal propagador de doenças como a cólera e dengue.
É interessante ressaltar que a mudança de temperatura
global média à qual os seres humanos estão expostos é mais do que o dobro da
mudança média global, ou seja, 0,8 ° C versus 0,3 ° C. Hugh Montgomery,diretor
do Instituto de Saúde Humana e Performance da University College London, alega
que o estresse calórico tem causado problemas de saúde adjacente em idosos
urbanos, tais como diabetes e doenças renais crônicas.
A World Weather Attribution Study afirma que 2018 foi o
ano muito mais quente que os demais em diversas áreas do mundo, o que acarretou
um aumento na quantidade de áreas acometidas por incêndios, como é o caso do
norte da Inglaterra, a Califórnia e a Austrália provocando mortes diretas,
perda de casas, deslocamento de pessoas e impactos respiratórios.
A América do Sul e o sudeste da Ásia estão entre as regiões
mais expostas a enchentes e secas acarretando queda no rendimento das safras agrícolas
em todas as regiões à medida que os extremos do clima se tornam mais frequentes
e mais drásticos.
O Relatório de Riqueza Inclusiva 2018, ONU Meio Ambiente,
mostra que a riqueza média global está aumentando em detrimento à custa de
ativos ambientais, como água, ar limpo, florestas e biodiversidade.
O relatório Eco Experts 2018 analisou dados sobre
poluição do ar, luz e ruído de 48 cidades no mundo. As cidades que ficaram nas
três primeiras posições como sendo as mais poluídas são as seguintes:
O estudo nomeou a
cidade do Cairo como a cidade mais poluída do mundo. Em um dia comum, os
moradores da capital egípcia respiram ar contaminado com PM 2,5, ou seja, 11,7
vezes maior que o nível recomendado pela OMS.
A cidade também
possui o 2º maior nível de PM 10 do mundo, com 284 ug/m3 em média,
que é 14,2 vezes acima do limite recomendável.
Cairo é a terceira cidade mais barulhenta do mundo, com
uma pontuação de 1,70, ficando atrás apenas de Guangzhou e Delhi, o que não
surpreende seus habitantes, uma vez que, o relatório sobre poluição sonora do
Centro Nacional de Pesquisa do Egito relatou que a cidade
atinge uma média de 85 decibéis por dia, é o mesmo que viver 24 horas dentro de
uma fábrica.
A poluição luminosa na cidade do Cairo é péssima, a luz
artificial é 85 vezes mais brilhante que o céu natural (14.900 μcd/m2).
2ª Posição – Delhi, India (Pontuação: 86.7024)
Delhi é uma cidade ambientalmente
dos finais do tempo que bate recordes mundiais perdendo apenas para a cidade do
Cairo no Egito. A névoa é tão densa na cidade que os carros colidem um com os outros por ser
impossível enxergar as luzes dos faróis de trânsito. As estimativas apontam que
respirar o ar da cidade equivale a fumar pelo menos 50 cigarros ao dia.
3ª
Posição – Beijing, China
(Pontuação: 76.4648)
O ar densamente poluído da cidade chinesa Beijing(Pequim)
atinge frequentemente níveis considerados perigosos que prejudicam a saúde da
população.
As cidades apontadas com melhor ar respirável, menos
luminosidade e ruído são as seguintes:
48ª Posição – Zurich, Suíça (Pontuação: 7.5966)
A qualidade do ar na
cidade de Zurich é ótima, tendo a quinta densidade mais baixa de PM 2.5 (a 10
ug/m3 em média) e a quarta menor quantidade de PM 10 (a 16 ug/m3
em média) no mundo, tornando seu ar 11 vezes mais limpo que a da cidade do
Cairo e dentro do nível de segurança aceitável pela OMS para qualidade do ar.
Zurique é a cidade mais tranquila do mundo, com uma
pontuação de 0,02, os suíços levam o ruído tão a sério que até implementaram o
"Quiet Hours", onde os moradores são proibidos de fazer barulho
indevido. Problemas com poluição luminosa são praticamente inexistentes sendo
classificada como a 2ª cidade mais escura do mundo, perdendo apenas para Oslo.
47ª Posição – Oslo, Noruega (Pontuação: 8.8645)
Oslo é considerada uma das cidades mais limpas do mundo
graças a diversas iniciativas e projetos sustentáveis dentre os quais a
transformação do lixo doméstico em combustível.
46ª Posição – Munich, Alemanha (Pontuação: 13.4212)
Munich é uma cidade limpa que investe em transporte público
de energia limpa.
Mediante estes dados apresentados podemos perceber o
quanto algumas políticas econômicas e industriais têm prejudicado a população
mundial devido à soberba de alguns governantes que acreditam ser uma tolice
investir em políticas ambientais sustentáveis. O mundo poderia ser um
ambiente muito melhor se todos os governantes se comprometessem em fornecer
qualidade de vida, educação, alimentos e saúde a todos que vivem na Terra. Pena,
que estamos longe dessa realidade, infelizmente a cada dia que passa nos
tornamos seres doentes, enfraquecidos, miseráveis e sem perspectiva de uma vida
melhor.
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O trabalho A vida na Terra está se tornando insuportável de Marisa Fonseca Diniz está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://marisadiniznetworking.blogspot.com/2018/12/a-vida-na-terra-esta-se-tornando.html.
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