Marisa Fonseca Diniz
Nunca foi tão deplorável a situação econômica do Brasil
como nos dias atuais, a falta de compromisso governamental com os cidadãos
brasileiros é simplesmente patética. Uma equipe mal preparada para assumir
responsabilidades de grande magnitude fez com que milhares de profissionais
fossem demitidos logo no início do surto de coronavírus. Implantação de
políticas de saúde pública deixaram de
ser implantadas logo no início da pandemia fazendo com que muitas empresas
demitissem seu quadro de colaboradores sem ter uma visão nítida de quando seria
possível a retomada das atividades econômicas.
Como se não bastasse todo este imbróglio, o governo
brasileiro criou a isenção da folha de pagamento para os grandes empresários deixando
as demais empresas no lamaçal sem qualquer tipo de amparo financeiro
consequentemente vários profissionais perderam o emprego. As pequenas e micros
empresas responsáveis pelo maior contingente de empregados no país acabaram mergulhando
em dívidas no período em que ficaram em confinamento sem ter uma luz no final
do túnel, o que proporcionou à elas meses mais tarde o encerramento em
definitivo das atividades comerciais.
A legião de trabalhadores que perderam seus empregos
antes e durante a pandemia se viu obrigada a ser criativa. Deste montante de desempregados alguns
montaram pequenos negócios dentro de suas residências vendendo artesanato,
objetos usados e comida, outros alugaram carros e foram trabalhar com
aplicativos, seja para entrega de comida ou para transportar passageiros.
A uberização (conotação para Uber) acabou sendo a única
saída para muitos profissionais qualificados, tais como engenheiros, advogados,
administradores, contadores, médicos, professores, entre outros, muitos por
sinal com experiência em grandes empresas internacionais com inglês fluente e
formação em universidades de primeira linha.
Por outro lado, a precarização do mercado de trabalho formal
fez com que muitos profissionais com baixa qualificação aceitassem qualquer
tipo de trabalho para não ficarem desempregados. Baixos salários, péssimas
condições laborais, falta de oportunidades são apenas alguns dos requisitos que
exploram a mão de obra barata e espantam profissionais com qualificação.
A pandemia do coronavírus trouxe uma nova realidade de
trabalho, que antes não era muito bem aceito pela maioria das empresas por
estar associado à informalidade, o trabalho remoto. Trabalho este que ganhou a
preferência de uma grande parcela da população ativa do país, que permite aos
trabalhadores escolher para quem desejam trabalhar. O escritório formal de
alguns segmentos da economia deixou de ser aquele que ficava nos grandes
centros urbanos passando a ser a residência do colaborador ou qualquer lugar do
mundo.
A modalidade do trabalho remoto (nomadismo)
possibilita que os profissionais percam menos tempo evitando o trânsito caótico,
principalmente dos grandes centros urbanos. Poder trabalhar com roupas despojadas,
próximo à família, em ambientes mais acolhedores são muito mais rentáveis tanto
às empresas como aos colaboradores. A tecnologia avançada dos tempos atuais
veio para facilitar o dia a dia sem que isso seja um fardo pesado demais para
carregar.
O trabalho remoto proporciona melhor qualidade de vida, áreas
que demandam trabalho extra permite que os funcionários fiquem muito mais tranquilos,
sem a preocupação de chegarem tarde da noite em seus lares. A vida vai se
moldando a nova realidade, o profissional antes estressado no modelo antigo de
trabalho passa a ser muito mais produtivo. A qualidade do trabalho associado ao
respeito, a um salário condizente com a experiência, formação acadêmica e a
responsabilidade do cargo faz com que os colaboradores tenham mais prazer em
trabalhar.
O mercado de trabalho precisa se adequar as novas
tendências abrindo mão de processos retrógrados e admitindo profissionais mais experientes
sem ter o preconceito da idade proporcionando desta maneira, ambientes mais
amigáveis e agradáveis, onde diferentes faixas etárias podem oferecer melhor
qualidade de serviços. Enquanto isso não acontecer, os profissionais
qualificados continuarão na informalidade carregando mercadorias ou passageiros para diferentes partes do país.
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O trabalho A uberização dos profissionais qualificados de Marisa Fonseca Diniz está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://marisadiniznetworking.blogspot.com/2022/05/a-uberizacao-dos-profissionais.html.
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