Marisa
Fonseca Diniz
A
cultura da malandragem no Brasil surgiu nos tempos da colonização, quando a
coroa portuguesa com medo de perder seu domínio e não poder explorar as
riquezas brasileiras decidiu povoar o território enviando para cá a escória de
Portugal, no qual era composta de ladrões, bandidos, prisioneiros condenados,
assassinos, prostitutas e toda espécie de renegados.
Se deparar com um cidadão honesto e de caráter no Brasil é encontrar a sorte grande, pois o malandro brasileiro é aquele sujeito que
acha que com jeitinho consegue tudo, inclusive se dar bem na vida mesmo que
para isso precise lesar alguém.
O malandro brasileiro pode ser encontrado nos horários nobres das redes de
comunicação, na política, na sociedade, no mercado de trabalho, nos esportes,
ou seja, em qualquer lugar.
Cidadãos
que se recusam a usar o jeitinho brasileiro para conseguirem algo que possa garantir uma vantagem aadicional são considerados tolos pela
sociedade, pois ser honesto em um país de corruptos é a mesma coisa que nada. De
vez em quando aparece em destaque nos noticiários nacionais um cidadão honesto
como se fosse algo anormal, já que é tão raro este tipo de atitude no país.
Em
contrapartida, nos países desenvolvidos quando um político ou cidadão é
desonesto ou corrupto, nem pedindo desculpas publicamente o sujeito tem perdão. O político por sua vez se vê obrigado
a deixar o cargo público e é praticamente banido, situação esta que
não acontece no Brasil. Aliás, empresário golpista é considerado cidadão
emérito, raramente político corrupto é punido e mesmo cometendo os maiores
escândalos sempre consegue ser reeleito.
A
população brasileira repudia a corrupção dos seus representantes políticos em
redes sociais, por incrível que pareça é a mesma que para tudo arranja um jeito
para driblar as normas corretas de convivência em sociedade. Para tudo há um
jeitinho, entrar em uma empresa indicado por um cidadão corrupto de cargo
superior virou algo normal para aqueles que persistem em dizer que só se
consegue um bom emprego na base da indicação. Passar uma rasteira em um
concorrente já deixou de ser uma atitude anormal há muitos anos, pois o
importante é fechar um bom negócio indiferente se isso possa ocasionar algum
desconforto no mercado.
Pagar
propina a funcionários públicos, políticos e empresas privadas em troca do
benefício milionário decorrente de um contrato de licitação de merenda escolar,
obra de infraestrutura, material escolar, uniformes, medicamentos, equipamentos,
entre outros, já deixou de ser um escândalo, e passou a ser uma conformidade
dos procedimentos jurídicos e legais.
Usar o jeitinho brasileiro para subornar quem quer que seja em uma empresa
privada ou pública pode parecer estranho, mas saiba que aqui no Brasil quem não
pratica tal delito está por fora das oportunidades de negócios, pois ser
malandro nos negócios enriquece.
Copiar,
imprimir, plagiar artigos publicados em livros, sites e blogs é outra visão
distorcida daqueles que preferem lucrar em cima dos sacrifícios intelectuais alheios. Superfaturar preços, por exemplo, para o
malandro é algo extremamente normal, pois para ele é uma forma de ganhar um
dinheiro rápido, mesmo que cause um rombo ,o bolso do turista.
Furar
fila, comprar produto pirata, enganar pessoas com negócios ilícitos, puxar o
tapete do colega no trabalho, dar informações erradas aos turistas, se
beneficiar de dinheiro que não lhe pertence, sonegar, entre outras situações são atitudes
que deveriam ser recriminadas e banidas da cultura brasileira. No entanto, para uma grande parte dos brasileiros tais atitudes são consideradas normais e já estão
incorporadas no dia a dia.
O
jeitinho brasileiro já virou caso de polícia em outros países, mas parece que é
algo difícil de ser apagado da cultura nacional. O personagem Zé
Carioca criado pelos estúdios de Walt Disney para representar a figura do malandro
brasileiro deixa uma imagem negativa ao país. Apesar de muitas pessoas acharem que com jeitinho se conquista tudo, ainda há uma grande parcela da população que é honesta, trabalhadora e não compactua com tal atitude, pois desonra a imagem do brasileiro.
Infelizmente, uma minoria acaba rebaixando a imagem do povo brasileiro, apenas com a intenção de se dar bem as custas dos outros!
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O trabalho A cultura da malandragem no Brasil de Marisa Fonseca Diniz está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível emHttp://marisadiniznetworking.blogspot/2014/04/a-cultura-da-malandragem-no-brasil.html.
Belo artigo, Marisa, exemplificando com destreza o perfil da sociedade corrupta do século XXI. Parabéns!
ResponderExcluirela falou tudo, mas o povo é acomodado....
ResponderExcluirPara a Austrália também eram enviados todos os condenados ingleses e gente da pior espécie e não ficou como o Brasil! Porquê?
ResponderExcluirParabéns......falou tudo.
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