Marisa
Fonseca Diniz
Quem já não se deparou com algum rostinho bonito na vida
e não se perguntou, mas que mais há nessa pessoa para dizermos que é alguém
para ter algum tipo de relacionamento?
As redes sociais surgiram com o intuito das pessoas terem
uma ligação social entre si, porém nem tudo têm sido flores. Estudos
comportamentais comprovam que quanto mais as pessoas estiverem se sentindo
solitárias, mais elas publicarão pormenores sobre si.
As redes sociais para muitas pessoas são como um diário,
onde elas sentem o prazer de relatar tudo que acontece diariamente com elas. Por
outro lado é o local favorável àqueles que possuem distúrbios psiquiátricos e
que se veem livres para manifestar suas aberrações sem serem perturbadas por
ninguém.
Pesquisadores da Universidade Católica João Paulo II,
Lublin, Polônia pesquisaram sobre o comportamento nas redes sociais e
constataram que quanto mais sozinhos se sentem os usuários, maior é o número de
detalhes pessoais que publicam em seu mural. Pessoas solitárias tem a necessidade de expor pormenores
de suas vidas para ficarem conhecidas por todos, e assim terem a sensação de
anular os sentimentos de solidão e isolamento.
Enquanto estas pessoas acreditam que suas atitudes possam
trazer-lhes conforto na alma, por outro lado acaba afastando indivíduos que
consideram estas atitudes exageradas e perturbadoras. Aquele rostinho bonito
que tem a necessidade de publicar o seu desjejum, restaurantes, baladas, viagens
e academia nos mínimos detalhes não deixa de ter um comportamento de exibicionismo,
onde a solidão é o principal agravante.
Segundo a Associação Americana de Psiquiatria, o Transtorno
de Personalidade Histriônica – TPH é caracterizado por um padrão de
emocionalidade excessiva na qual o portador tem a necessidade de chamar atenção
para si mesmo, incluindo a constante aprovação pelos demais indivíduos. O
comportamento sedutor, dramático, animado e flertador alternam seus estados entusiásticos
e pessimistas.
Os portadores de TPH expressam suas emoções de forma
impressionável e facilmente influenciados pelos outros. As principais
características relacionadas ao egocentrismo são a desorganização do ego,
autoindulgência, anseio contínuo por admiração, comportamento persistente e
manipulativo para suprir as suas próprias necessidades.
Sabe aquele seu amigo da rede social que vive publicando
seus dotes culinários, suas opiniões sobre política, economia, critica
comentários contrários aos dele, fotos do bichinho de estimação e as selfies no
espelho? Então, ele está demonstrando que acima de tudo é uma pessoa solitária
e precisa da aprovação dos amigos virtuais para ser aceito, ou seja, pessoas exibicionistas
precisam de tratamento psicológico.
A revista científica Computers in Human Behavior revelou
que os jovens são os que mais compartilham seus segredos em público. Segundo estudos
do Departamento de Psicologia da Universidade Estadual da Califórnia, a solidão
é o principal quesito deste comportamento nas redes sociais.
O site Tlife em um artigo fez referência há duas
pesquisas simultâneas dos Estados Unidos e Alemanha, no qual revelava que as pessoas
nos quais possuíam mais amigos nas redes sociais se sentiam mais queridas e
valorizadas do que aquelas que possuem um número menor de amigos virtuais.
Psicólogos tem informado em estudos comportamentais que as
redes sociais criam aos usuários a falsa ilusão de que quantidade é muito melhor
do que qualidade, porém não adianta nada ter milhares de amigos virtuais se na
realidade não se pode contar com eles no dia-a-dia.
Resumindo, as redes sociais são ótimas para divulgar empresas,
produtos, na conexão com pessoas, mas são péssimas para pessoas solitárias que
necessitam constantemente da aprovação dos outros em suas atividades diárias. O
fato é que, quando o exibicionismo é o principal fator para manter a
popularidade dos portadores de TPH nas redes sociais, o problema não apenas
agrava com o passar do tempo como também pode tanto afastar pessoas como
aproximar outras que sofrem do mesmo problema.
Os portadores de TPH em contato com a sociedade real
também demonstram esta saciedade imediata de precisar da aprovação alheia,
tanto que é comum pessoas que trabalham com elas perceberem este problema. Em
uma reunião ou evento elas sempre querem estar em evidência, terem o melhor
carro, estarem vestidas com marcas de grife e serem notadas pelas suas
conversas. Elas gesticulam constantemente, a fim de terem os olhares alheios centrados
na sua própria imagem.
Portanto, não se enganem rostinho bonito não quer dizer
que a pessoa seja completamente bem resolvida ou possua sua autoestima em equilíbrio,
às vezes ela só está precisando mesmo é sanar a sua carência emocional
demonstrando um lado que nem sempre é a realidade.
Pessoas totalmente amadurecidas, bem resolvidas com
autoestima em equilíbrio não possuem necessidade de se exibir nas redes sociais
e nem buscar aprovação de quem quer que seja. O que mais fazem é viver a sua realidade
sem ter que ficar justificando alguma coisa a alguém.
Infelizmente, a futilidade tem sido a principal causa de
pessoas bem resolvidas desistirem de ter um perfil nas redes sociais, pois não
há nada que justifique a necessidade de publicar fotos de momentos íntimos,
familiares ou profissionais aqueles que não são amigos reais.
Ficar muitas horas ao dia publicando fotos ou mensagens
sobre si mesmos não apenas afasta os amigos reais como aproxima aqueles que
sofrem da mesma dificuldade comportamental de aceitação. Muitos relacionamentos
terminam quando uma das partes interessadas percebe que o outro não se aceita e
faz de tudo para mostrar que é uma pessoa normal, embora precise constantemente
da aceitação alheia para se sentir totalmente feliz.
Os tempos modernos melhoraram muito a vida de algumas
pessoas, mas também fez com que pessoas em desequilíbrio emocional mostrasse o
seu lado negro de ser, e nesse caso a psicologia e a psiquiatria é o melhor
aliado ás pessoas perturbadas que necessitam de tratamento contínuo.
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