Marisa Fonseca Diniz
O que é considerado miséria para alguns seres humanos,
por exemplo, para outros não passa de um problema social recorrente, que não lhes
diz respeito, já que não interfere em suas atividades diárias. As diferenças
sociais atuais dos indivíduos tem feito com que cada um viva em sua própria
bolha desconhecendo por completo as dificuldades alheias.
A bolha social representa a demarcação do espaço pelo
qual os seres humanos vivem de maneira a se proteger e se distanciar do
ambiente externo, ou seja, grupos de pessoas tendem a se unir por interesses em
comum excluindo completamente pessoas que tenham comportamento e pensamentos
contrários aos delas.
Os indivíduos das classes sociais mais baixas, por
exemplo, dificilmente convivem com pessoas de classes sociais mais altas, visto
que, os interesses e comportamentos diferem um do outro. Os indivíduos das
classes sociais baixas vivem na bolha da pobreza não porque eles querem, e sim
porque lhes faltam recursos financeiros e oportunidades para ter uma melhor
condição de vida.
O cidadão que mora na periferia acorda às três horas da
manhã para preparar a marmita da hora do almoço, sai de casa antes das quatro,
anda por uma hora a pé para chegar até o ponto de ônibus mais perto ou da
estação de trem rumo ao trabalho, não se assemelha em nada à vida daquele
indivíduo que acorda às oito horas da manhã come tranquilamente o café da manhã
preparado pela empregada que teve que sair de sua casa de madrugada para
conseguir chegar antes da hora dos patrões acordarem e que diferentemente deles
terá um dia de trabalho bem exaustivo.
Todos os comentários expressavam opiniões contrárias uma
das outras, o que ficou claro que cada uma daquelas pessoas vivia em uma bolha
totalmente diferente uma das outras. Os indivíduos que defendiam a facilidade de
se conseguir um emprego no exterior, em geral, eram pessoas que queriam sair do
país e conseguir trabalhar em qualquer coisa sem se importar com a atividade
desempenhada, pois acreditavam que pelo fato de ter oportunidades sobrando no
exterior, o inglês que possuíam era suficiente para conseguir se adequar as
vagas disponíveis.
As pessoas que defendiam o trabalho remoto eram aquelas
que trabalhavam com tecnologia e que preferiam um serviço mais independente e
acreditavam que o inglês fluente era prioridade para esta empregabilidade. Os
indivíduos que discordavam com os demais enfatizavam que o pessoal de
tecnologia vivia fora da realidade do mercado nacional e estrangeiro. O que nos
faz crer que todos têm pensamentos e prioridades diferentes um dos outros, ou
seja, cada um estava inserido em uma bolha.
As redes sociais tem uma grande importância quando o assunto
são bolhas sociais. A maioria dos usuários das redes é formada por jovens, que
buscam se adequar aos padrões virtuais. Nesta ânsia de encontrar pessoas que
pensam de modo semelhante e com as mesmas experiências de vida é que fazem com
que diversas bolhas virtuais surjam, no entanto, há pontos positivos e negativos
que devem ser muito bem analisados para evitar desgastes desnecessários nas
redes e na vida daqueles que estão dentro delas.
As bolhas sociais não se encontram apenas no campo
virtual, em geral, muitas pessoas que trabalham em determinadas empresas, por
exemplo, tendem a formar grupos seletos de pessoas que acreditam ser mais
propícias a conseguir boas promoções descartando aquelas que subjulgam ser
diferentes ou menos adequadas. Esta seleção discriminatória prejudica todos os
funcionários criando pequenas bolhas profissionais, o que dificulta o bom
desempenho de todos e da organização em si.
As diferenças entre pensamentos e opiniões são
importantes, pois faz com que todas as pessoas conheçam outros pontos de vistas
e enxerguem melhor outras realidades, no entanto, não é isso que presenciamos no
dia-a-dia dificultando dessa maneira a interação, seja ela pessoal ou
profissional. Criar mundos distintos acentua as diferenças sociais, o que
pode fazer com que o acesso as melhores oportunidades de modo geral fiquem
restritas a um determinado público.
EM QUE BOLHA VOCÊ VIVE?
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