Marisa Fonseca Diniz
A Tragédia dos Comuns é uma
armadilha social e econômica que envolve conflito de interesses individuais e o
bem comum no uso dos recursos finitos. O livre acesso e a demanda irrestrita de
um recurso finito acabam condenando estruturalmente o recurso por conta da
superexploração.
Um exemplo típico da Tragédia dos
Comuns no Brasil é a exploração das florestas tropicais na região do nordeste
do país. A exploração se iniciou no tempo da colonização portuguesa que
desmatou o litoral brasileiro, retirando a vegetação e explorando o pau-brasil
durante 370 anos para exportação da madeira. Tempos mais tarde as terras
desmatadas foram sendo aproveitadas para o plantio da cana-de-açúcar.
Depois, iniciou-se a exploração
dos minérios (ouro e prata) e pedras preciosas (esmeralda e diamante)
permitindo dessa maneira o avanço da colonização do território brasileiro, e
conseqüentemente novas retiradas de vegetação foram feitas permitindo o
empobrecimento do solo. A exploração das florestas vem sendo feita de forma
impensada envolvendo interesses econômicos por parte de políticos e
latifundiários, acarretando problemas ambientais ao longo dos anos.
A vegetação na região nordeste do
Brasil é bastante diversificada vai desde a Mata Atlântica no litoral até a
Mata dos Cocais no meio-norte. Ecossistemas com manguezais, caatinga, cerrado e
restingas que possuem fauna e flora exuberantes, mas que boa parte está sendo
ameaçada de extinção.
A Mata Atlântica também conhecida
como floresta tropical úmida de encosta, originalmente estendia-se de norte a
sul do país, porém com o constante desmatamento decorrente da exploração do
pau-brasil e da indústria açucareira, hoje só restam 5% do total da
vegetação original.
A Mata dos Cocais é uma formação
vegetal de transição entre os climas semi-árido, equatorial e tropical e
representa menos de 3% da área total do Brasil. O cerrado ocupa 25% do
território brasileiro e apresenta árvores de porte baixo, com galhos retorcidos
onde o chão é coberto por gramíneas e apresenta um solo com altos índices de
acidez. A vegetação típica da região mais árida é a caatinga formada por
vegetais xerófitos. Por último, a vegetação litorânea e matas ciliares um rico
ecossistema formado por mangues, restingas e dunas. A alta concentração de
materiais orgânicos no solo das matas ciliares funciona como uma proteção de
rios e mares.
Estudos realizados na região do
sertão nordestino comprovam que nas duas últimas décadas ocorreu um acentuado
desgaste do solo, destruindo a mata nativa e provocando a perda da qualidade
dos mananciais naturais de água. A erosão do solo é apontada como a causa
principal do comprometimento das vegetações da região nordeste propiciando a
desertificação. As principais causas da degradação das zonas áridas são o
sobreuso ou uso inapropriado dos recursos da terra agravados pelo clima seco.
O uso inadequado dos recursos
naturais tem ocasionado à desertificação da região nordeste brasileira que
conseqüentemente vem reduzindo drasticamente as áreas cultiváveis e
diminuindo a produtividade nas áreas afetadas. Outros agravantes são: a redução
dos recursos hídricos, a destruição da flora e da fauna na região, o aumento da
poluição atmosférica e hídrica, além do aumento da formação de camadas arenosas
superficiais que causam a degradação ambiental, prejuízo econômico e social.
Outro fator que tem ocorrido na região nordeste é a salinização das águas
devido o processo de acúmulo de sais na camada superficial do solo decorrentes
dos usos nocivos do meio ambiente.
A desertificação não causa apenas
impactos ambientais, mas também sociais e econômicos. A migração descontrolada
para áreas urbanas provocando inchaço nas grandes cidades é uma das
consequências sociais provocadas pela desertificação. Entre outras
conseqüências há a degradação das famílias devido o êxodo, crescimento da
pobreza devido à degradação e perda do solo, aumento do risco de doenças devido
à escassez e poluição dos recursos hídricos, perda do potencial agrícola nas
áreas atingidas e perda de qualidade de vida.
Segundo Goudie (1990), o processo
de desertificação é uma alteração na biomassa com a deterioração acelerada do
solo, responsabilizando as atividades humanas e o fator climático como
principais agentes de modificação. Em seus argumentos estabelece a monocultura,
o superpastoreio, a salinização e o desmatamento associados com a ocorrência do
processo de desertificação.
É importante salientar que, é
possível fazer a exploração de um recurso natural de forma equilibrada visando
o aproveitamento racional e desenvolvendo a economia de uma região. Mas, não
podemos esquecer que políticas governamentais na contenção da exploração das
florestas devem ser aplicadas a fim de contribuir com a melhoria dos aspectos
sociais e ambientais de todos.
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