Marisa Fonseca Diniz
O Brasil possui um grande desafio
nos próximos anos que é proporcionar a população meios de transportes mais
eficientes e menos poluentes. Nos últimos dez anos, o incentivo do uso do
automóvel como forma de driblar a falta de investimentos públicos em
transportes de massa acabaram gerando problemas de congestionamento em larga
escala. A frota de automóveis e motocicletas
teve um crescimento de mais de 400% nos últimos anos, e os investimentos em
infraestrutura e mobilidade urbana ficou muito aquém do esperado.
Planejamento, investimentos e
gestão eficientes poderão colaborar na confecção de projetos de mobilidade
urbana expandindo de modo satisfatório os transportes públicos menos poluentes, e
que proporcionem melhor qualidade do ar das grandes cidades. Investimentos em
veículos sobre trilhos, tais como metrô, trem, bondes com tecnologia avançada,
ônibus elétrico-híbrido e sistemas de bicicletas públicas são uma boa
solução para a mobilidade urbana. Não podemos esquecer que se faz necessário
investimentos em infraestrutura urbana principalmente à ampliação de ciclovias,
calçadas mais seguras, integração entre os transportes públicos, faixas
exclusivas para o tráfego de ônibus, sinalizações adequadas e orientação
educacional para a melhora do trânsito.
Hong Kong, Copenhagen, Amsterdã, Zurique e Singapura superaram Tóquio, Nova York e
Londres, como sendo as cidades com melhor mobilidade urbana sustentável. A pesquisa do Instituto McKinsey analisou o transporte urbano das grandes cidades, avaliando a disponibilidade, eficiência, conveniência, preço e sustentabilidade.
Hong Kong foi considerada a melhor, uma vez que, grande parte desta avaliação está relacionada ao Mass Transit Railway - MTR, que é um sistema de trem urbano com mais de 218 quilômetros de extensão, 159 estações e conexões com várias localidades do entorno. O MTR tem um custo baixo para a população, além de ser pontual e menos poluente que os demais meios de transporte da cidade, o que faz com que 90% da população de Hong Kong utilize transporte público para se locomover.
Copenhagen por sua vez é considerada uma das melhores cidades no mundo para os ciclistas, os altos investimentos em infraestrutura modal com pistas de qualidade e sinalização adequada faz com que a população se sinta confortável em deixar o carro em casa e ir de bicicleta fazer suas atividades diárias.
Amsterdã sempre foi conhecida como a cidade com o maior número de bicicletas por habitantes, no entanto vale ressaltar que a cidade não apenas investe intensamente nas ciclovias como também faz parte da cultura da cidade, onde a população prefere este tipo de transporte, e se deslocar a pé. Além das ciclovias, a cidade investe em outros tipos de transporte público sustentáveis como trens (incluindo os de alta velocidade), tram (pequenos trens movidos a energia elétrica), metrô, ônibus e barcos. Os trens de alta velocidade da cidade de Amsterdã ligam a cidade com outros locais da Bélgica e França.
Zurique na Suiça tem investido em ciclovias, faixas e sinalização para pedestres, ônibus, trens e trams, no entanto, o maior investimento são os sensosres instalados na cidade, que monitoram o trânsito permitindo o bloqueio de vias, a fim de desviar rotas quando necessário.
Singapura, por sua vez tem destaque na mobilidade urbana devido a eficiência, pontualidade e baixo preço das passagens em trens, ônibus e metrô fazendo com que 80% dos passageiros se sintam satisfeitos com o transporte público.
No Brasil, a malha ferroviária é datada de 1828 com aproximadamente 31.000 quilômetros de extensão, sendo deste total cerca de 3 mil km direcionados para transporte de passageiros em áreas urbanas. A partir da década de 1980 as ferrovias brasileiras entraram em estado de sucateamento e esterilização da ampliação da malha ferroviária recebendo baixos investimentos desde então. Apesar de ser considerado um transporte sustentável, um terço de toda malha ferroviária no país ainda é ociosa, os trilhos estão enferrujados devido a falta de manutenção, muitos ainda com dormentes antigos dificultado o transporte de matéria-prima.
No caso do metrô, a falta de
investimentos na ampliação é um problema ainda maior, enquanto Xangai possui a
maior rede de metrô do mundo com mais de 830 km de extensão, o Brasil possui
apenas 270
km . São Paulo é a cidade que possui
a maior rede de metrô com 74,3 km de extensão, porém em
horários de pico os trens circulam com velocidade reduzida e média de 8 passageiros por m² gerando
desconforto e insegurança aos usuários. As plataformas das estações ficam
abarrotadas de pessoas, e muitas vezes acontecem arrastões onde acontecem
roubos e acidentes. O descaso dos governantes com a população brasileira é
absurda, principalmente porque o valor da passagem está muito além do benefício
oferecido.
Artigo foi editado para a realidade atual - Outubro/2023.
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O trabalho Mobilidade Urbana Sustentável de Marisa Fonseca Diniz está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível emhttp://marisadiniznetworking.blogspot.com/2013/12/mobilidade-urbana-sustentavel.html.
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