Marisa
Fonseca Diniz
Há
algum tempo estou tentando publicar este artigo em continuação ao artigo
escrito sobre mitomania, que descreve perfeitamente o comportamento doentio de
pessoas que fantasiam a sua própria vida e tentam enganar as pessoas. Abrindo
os estudos de análise comparativa da mentira patológica e compulsiva na vida de
algumas pessoas comuns, relato aqui uma breve experiência e análise de
situações criadas por doentes patológicos nas empresas, comunidades, grupos,
redes sociais e profissionais.
Há
alguns anos atrás fui convidada por um construtor para trabalhar em uma empresa
renomada da cidade de São Paulo como gestora de negócios. O mercado da
construção civil estava em amplo desenvolvimento, por lá tive a felicidade e
infelicidade de encontrar profissionais capacitados, experientes e honestos,
assim como também conheci muitos desonestos e mal intencionados. No entanto, um
profissional em particular me chamou muito a atenção em seu comportamento.
Falante,
nunca olhava diretamente nos olhos, sempre dando ênfase a cargos assumidos no
passado, passava a ideia de que sua família era perfeita, bem informado em qualquer assunto, viajado,
boa lábia, mas numa boa análise percebia-se claramente, que tudo aquilo não
passava de mera fantasia da cabeça dele. Inicialmente, no dia a dia de
trabalho demonstrou-se ser uma pessoa insegura e ansiosa. Com o passar do tempo
criou situações constrangedoras entre os colegas contando mentiras e
colocando uns contra os outros, nunca assumindo os erros, sempre se fazendo de
vítima.
Mantinha
uma postura de mau caráter, atravessando negócios alheios e colocando-se como
vítima de injustiças de gestores da empresa, com esta atitude conseguiu
prejudicar diversos colegas de trabalho e fechar negócios alheios em seu nome. Em
comemorações da empresa era uma pessoa soberba, antipática e falsa. Gostava de
contar vantagens sobre o filho, namorado, viagens e tantos outros assuntos
desnecessários, que nunca ninguém viu ou presenciou.
Depois,
de alguns anos na empresa, me desliguei e fui trabalhar em outros projetos
perdendo o contato pessoal e profissional. Há alguns anos atrás tive a
infelicidade de encontrar esta pessoa por acaso na rua, que me cumprimentou
como se fossemos amigos de longa data, sem nem ao menos eu ter me recordado da
fisionomia da pessoa. Em momento nenhum a pessoa se interessou em saber como eu estava, apenas
começou a falar incessantemente de seus negócios, vida particular, profissional
e família.
Como
no passado jamais assumiu ter uma família problemática, ser um profissional
medíocre, ter problemas de relacionamento pessoal e profissional ou ser uma
pessoa desonesta. Sempre enfatizando sucesso a qualquer custo, mesmo sabendo
que as suas fantasias não convenciam ninguém. Confesso que sempre que via a
pessoa em meu caminho, atravessava a rua para não ter o desconforto de ouvir
falar as mesmas ladainhas fantasiosas.
Da
última vez, que a encontrei em um restaurante questionei se não possuía um
perfil em alguma rede social ou profissional, uma vez que, como trabalhava com negócios seria muito mais fácil conversar com a pessoa. Tal foi meu espanto
a pessoa dizer que o seu perfil social não tinha o seu nome e muito menos amigos
ou antigos colegas de trabalho.
Na
hora não me importei, mas passado alguns
dias percebi que a pessoa tinha sim um perfil social com o nome completo, mas
com dados e fotos que não eram seus, onde se identificava como uma pessoa
formada em uma faculdade de renome e com diversas mentiras relatadas no perfil.
Percebi na hora que quando disse que não tinha perfil na rede social foi por medo
de ser desmascarada perante seus amigos virtuais.
Analisando
o caso percebo que, pessoas iguais a esta há diversas esparramadas nas
empresas, e que muitas vezes passa despercebido por colegas e chefes. A pessoa
portadora desta patologia não consegue perceber o mal que está fazendo a si
mesma, pois em outras situações semelhantes já foi constatado que pessoas que
mentem compulsivamente têm distúrbios comportamentais, além de serem pessoas
mal resolvidas em suas vidas sentimentais e profissionais.
Diversos
outros casos de pessoas que criam mundos paralelos a realidade, vivem e passam
a acreditar que são bem quistas pelos amigos e colegas por aquilo que tentam
demonstrar, e não pelo que vivem ou são. A vida para elas é um verdadeiro conto
de fadas, transmitindo a ideia de que trabalham em empresas de renome, exercem
cargos executivos, as relações pessoais são perfeitas, se veem como o centro
das atenções, criam relacionamentos inexistentes, e não percebem que a vida
real é enfadonha. Criam uma vida baseada na vida de pessoas bem sucedidas que
conheceram em algum momento da vida.
Profissionais patologicamente mentirosos ou
compulsivos de imediato podem enganar uma equipe de trabalho, mas com o tempo acabam
se tornando pessoas indesejáveis e insuportáveis para trabalhar. Outros ficam
anos em cargos de pouca projeção e não se desenvolvem profissionalmente ou
pessoalmente.
A
mentira começa na idade infantil e prolonga ao longo da vida, sem a pessoa se
dar conta de que vive uma vida que não lhe pertence, o conflito com a realidade
acaba trazendo várias consequências a vida pessoal e profissional, sem contar o
afastamento de outras pessoas do seu rol de amizade. O medo de ficarem sozinhos
os faz incorporar um personagem que só existe na cabeça deles. As redes sociais
são ótimos ambientes para os mentirosos compulsivos propagarem suas delirantes
atitudes, pois muitos não se veem na vida real e são isca fácil as mentiras relatadas
em seus perfis.
Infelizmente,
na vida real os mentirosos compulsivos tendem a ter uma vida solitária, mesmo
estando em ambientes onde há diversos
colegas de trabalho ou de estudos. Ninguém em sã consciência suporta conviver
com uma pessoa doente e compulsiva por insistir em convencer os demais sobre suas
fantasias. Da mesma maneira que nós não gostamos de ser ludibriados com as
mentiras que os políticos nos contam, não suportamos a ideia de engolir
mentiras que às vezes parecem ser inocentes, mas não são. Aliás, só acredita em
mentiras quem não tem discernimento do certo ou errado, e pensa como eles.
É
necessário fazer uma reflexão mais detalhada sobre assuntos semelhantes a estes,
pois não podemos nos deixar ludibriar por vagas promessas e aparências, que não
dizem respeito a realidade apresentada por pessoas patologicamente doentes. A
primeira vista, o profissional mentiroso compulsivo pode não demonstrar perigo,
mas se não for contido a tempo poderá trazer diversos problemas aos colegas de
trabalho e a própria imagem da empresa.
A
maioria das pessoas portadoras desta patologia não aceita a ideia de que
precisam de tratamento, pois elas não conseguem visualizar o problema. O
problema está incorporado na sua vida diária, e para elas a mentira é algo
extremamente normal. O exemplo da análise comportamental é apenas um dos muitos
casos encontrados no ambiente de trabalho cabendo aos profissionais de relações
humanas detectarem o problema, e encontrarem soluções para o caso, a fim de que
não afete o desenvolvimento dos demais profissionais.
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O trabalho Quando a máscara cai, descobre-se um mentiroso compulsivo de Marisa Fonseca Diniz está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível emhttp://marisadiniznetworking.blogspot.com/2014/06/quando-mascara-cai-descobre-se-um.html.
Esse tipo de pessoa é bastante comum nas grandes cidades principalmente, Marisa. Egocêntricas, jamais pensam na reciprocidade, sequer com os próprios familiares.Geralmente são os chamados vampiros, que sugam a energia das pessoas de quem se aproximam. Belo post, valeu!
ResponderExcluirtenho um assim do meu lado, mas sabe... até agora a máscara dele não caiu, e, pior, os outros ACREDITAM nele e acham que eu sou mentirosa.
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