Marisa
Fonseca Diniz
As
primeiras civilizações desenvolverem o senso de planejamento urbano a cerca do ano de 2600 a.C. no Vale do Indo em Punjab na Índia, onde algumas pequenas vilas se
formaram dentro das grandes cidades do vale. O repentino desenvolvimento das
grandes cidades fez com que as civilizações se organizassem e projetassem
hierarquias de ruas de modo a proteger as áreas residenciais da poluição
sonora, dos ladrões e dos fortes odores existentes próximos às áreas urbanas.
Os
egípcios, por sua vez, construíram a cidade de Kahun por volta de 3000 a.C.,
que foi inteiramente projetada para servir de habitação aos operários que
trabalhavam na construção de uma pirâmide na região. A Antiguidade possuiu
vários projetos de planejamento racional principalmente nas cidades gregas e
romanas, onde as ruas eram retas e cercavam quarteirões retangulares de casas.
O planejamento urbano nestas cidades possuía um sistema de condução de águas
perfeito, que levava para dentro das casas nas cidades romanas, água fria e
quente.
Na
Idade Média, porém as cidades não tiveram um desenvolvimento planejado, as ruas
eram estreitas e tortuosas formando labirintos. No entanto, as ruas tinham uma
disposição racional-prática, pois todas as vielas desembocavam em uma praça
central, onde situava todos os estabelecimentos urbanos, tais como a igreja, o
mercado e o palácio.
O Renascimento foi caracterizado pelas construções grandiosas, tais como
estátuas e edifícios públicos grandiosos, que nem sempre estavam em racional
conexão com o resto da cidade. A partir do século XVI, a Europa passou por um
grande progresso em termos de planejamento urbano, as cidades passaram a ter
ruas mais retas e amplas, e com atividades colocadas de maneira mais ou menos
prática, passando a cidade ser tudo uno e orgânico.
A
maioria das cidades europeias teve que ser remodelada e ampliada no século XIX,
a fim de se adaptarem a vida moderna, como por exemplo, Paris. A Revolução
Industrial trouxe um imenso progresso e desenvolvimento a países como a
Inglaterra, em especial a cidade de Londres, que teve um crescimento desnorteado
e sem planejamento algo que pudesse dar conta da nova realidade da cidade. Até
o final do século XIX, o planejamento urbano na maioria dos países industrializados
era de responsabilidade dos arquitetos que eram contratados por empresas
privadas, e raramente pelo governo. O crescimento dos problemas urbanos forçou
o governo de muitos países como os Estados Unidos a participar ativamente de
processos de planejamento urbano.
No século XX, a Inglaterra se destacou pelo planejamento urbano ajustando os problemas causados pela Revolução
Industrial, sendo assim um marco na história do urbanismo. Após a Segunda
Guerra Mundial, muitas cidades europeias foram devastadas, o que deu margem as
grandes obras de planejamento urbano no trabalho de reconstrução.
No
Brasil, o planejamento urbano deu inicio no final do século XIX com a formação
do pensamento do urbanismo classificado em quatro fases, a saber:
Atualmente, o planejamento urbano de uma
cidade é feito através de acordos firmados entre as agências governamentais e as
empresas privadas, principalmente nos países desenvolvidos. Os países
subdesenvolvidos ou em fase de desenvolvimento tem um planejamento
centralizador e autoritário, resultando periferias urbanas espraiadas,
estruturadas por projetos residenciais movidos pelo caráter quantitativo e não
qualitativo.
O
planejamento urbano no Brasil nas últimas décadas tem procurado colocar-se como
mediador de conflitos sociais pelo solo urbano, uma vez que, o espaço urbano
tornou-se globalizado tornando-se um território todo fragmentado e dividido
socialmente. A reorganização do território brasileiro tem se caracterizado pelo
meio técnico-científico, no qual é um instrumento importante de ação política
do planejador.
A população brasileira é 80% urbana ocupando grandes metrópoles como São
Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Recife, que possuem diversos
problemas relacionados à falta de planejamento. Apesar de todo avanço tecnológico,
ainda não há políticas urbanas adequadas, o que tem incapacitado a resolução dos
problemas básicos das cidades. Há ainda muita contraposição entre o espaço
condicionado por uma minuciosa legislação urbanística que varia entre o legal e
ilegal.
O
atual cenário macroeconômico brasileiro, a mudança tecnológica, e a
globalização afetam a indústria e os serviços, assim como todas as estruturas
adjacentes como a cultura, o emprego, a organização política e os impactos
espaciais nas grandes cidades colaborando para a ineficiência do planejamento
urbano. Sem uma política urbana voltada para o enorme contingente populacional,
as grandes metrópoles cresceram de
maneira desnorteada tornando-se foco de violência, desemprego, déficit
habitacional, deficiência de transporte de qualidade, e extrema pobreza.
A
solução mais cabível para os problemas urbanos atuais seria a implantação de
políticas direcionadas ao planejamento urbano sustentável nas grandes cidades,
a exemplo da cidade de Curitiba, no Paraná. Considerada uma das pioneiras no
Brasil e no mundo na instalação de corredores inteligentes para transporte
público e no uso dos veículos Bus Rapid
Transit – BRT. O modelo de serviço tem
baixo custo e costuma ser implantado em cidades de grande porte em que o
transporte coletivo precisa ganhar espaço e atender um número expressivo de
usuários de maneira rápida, confortável e eficiente.
A principal característica do BRT é que podem circular em via própria chamados
corredores, que podem ser elevados ou não, e podem ter estações de embarque
maiores do que os pontos de parada convencionais possibilitando desta maneira o
pagamento da passagem antecipadamente reduzindo o tempo das paradas. Outra
vantagem destes sistemas é que, os BRTs são munidos de um sistema que aciona os
semáforos a seu favor, a fim de terem sempre prioridade de passagem pelos
cruzamentos.
Desde
a década de 1970, Curitiba tem vias exclusivas para ônibus articulados e
biarticulados integrados a uma rede inteligente de vias e transportes. Porém, a
partir de 1990 o foco principal do planejamento da cidade foi o desenvolvimento
sustentável e a integração de toda a região metropolitana de Curitiba.
A
estratégia de otimização e a integração da eficiência e produtividade dos
transportes, além da ocupação do solo e o desenvolvimento da habitação fez com
que a cidade de Curitiba fosse a vitrine do urbanismo ecológico humano no
Brasil. Porém, melhorias constantes são feitas no planejamento urbano
sustentável a fim de colaborar com a qualidade do ar e com a absorção de CO2 pelas áreas verdes da cidade.
O Veículo Leve sobre Trilhos – VLT é outra opção
sustentável, sendo um metrô leve, uma espécie de trem ou comboio urbano de
superfície utilizado largamente em mais de 270 cidades pelo mundo,
principalmente em cidades da Europa e dos Estados Unidos. O VLT corre em piso
baixo no nível da rua, o que facilita o acesso dos passageiros e garante o
acesso de pessoas com locomoção reduzida. O VLT utiliza somente energia
elétrica, limpa, renovável e harmoniza com a urbanização, inclusive de cidade
tombadas.
O monotrilho por sua vez é um metrô de superfície, mais leve,
e as estações são em via segmentada. Na Europa é um transporte de massa pouco
aceito por questões de segurança, pois em caso de emergência, a evacuação dos vagões
se torna difícil especialmente se o trem estiver cheio. Outro problema é o risco de veículos grandes
e carros se chocarem contras as estruturas de sustentação, que podem
comprometer a estrutura. A infraestrutura é mais complexa e o reparo estrutural
é complicado.
O monotrilho usa pneus para
o rolamento e nas laterais da viga, mas é totalmente elétrico, o problema é que
há um gasto maior com manutenção, devido o consumo de borracha, o que gera
poluição. O monotrilho que está sendo implantado na cidade de São Paulo, por
exemplo, é feito com tecnologia de avião, os vagões são de alumínio fazendo com
que os trens fiquem mais leves e alcancem uma velocidade maior.
Quando o monotrilho estiver em funcionamento a velocidade
média destes trens será de 36 quilômetros por hora podendo chegar até 80
quilômetros por hora. A maior inconveniência existente entre o monotrilho e o
VLT é o custo de aproximadamente 70% a mais, o que encarece o projeto e a
manutenção dos trens e da infraestrutura. Além de comprometer a urbanização em
cidades tombadas devido às estações ficarem em área elevada, e muitas vezes de
difícil acesso.
É importante destacar que, o planejamento urbano
sustentável deve incluir algumas diretrizes no projeto, tais como: esgoto
tratado, arborização urbana, tratamento de resíduos sólidos, estrutura
ambiental, ambiental, habitação sustentável, o uso adequado da água, além de educação ambiental.
A cidade com o melhor planejamento urbano sustentável no
mundo é Reykjavik, na Islândia, pois é comprometida com o desenvolvimento
sustentável. Há uma política intensa de plantio de árvores, além de aquecimento
doméstico, e sistemas elétricos que funcionam a partir das fontes quentes
geotermais do subterrâneo, os ônibus verdes usam como combustível o hidrogênio,
tendo o ar puro que atrai diversos turistas à cidade.
Um planejamento urbano sustentável eficiente traz condições
aceitáveis a toda uma população, e não apenas aos políticos que promovem
projetos como estes em épocas de eleição.
Fonte: Fotos Alstom e Bombardier
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Baseado no trabalho disponível emhttp://marisadiniznetworking.blogspot.com/2014/08/planejamento-urbano-sustentavel.html.
Marisa, o planejamento urbano é super importante, Curitiba se destaca no Brasil pela organização, corredores de ônibus, áreas de laser. Minha cidade tem cerca de 30 mil habitantes, mas é um caos em todos os sentidos, trânsito, estacionamentos, comércio, há dias em que sair de carro demora mais que sair a pé, e numa cidade tão pequena, deveria haver algum planejamento, pois tem crescido e continua a crescer, caso não se faça algo a curto prazo vamos sofrer no futuro.
ResponderExcluirAbraço!
Na nossa realidade brasileira, planejamento urbano tem passado muito longe na hora de projetar empreendimentos imobiliários. Para quem está vendendo, o importante é ter lotes disponíveis para vender e esquecem de desenhar avenidas descentes, áreas verdes, entre outros mecanismos citado no texto.
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