Marisa
Fonseca Diniz
Enquanto alguns países se preocupam em cuidar do meio ambiente e desenvolver técnicas e produtos que contribuam para a sua preservação da natureza, o
governo brasileiro pensa em como driblar os escândalos com o vazamento das barragem que se romperam nas cidades de Mariana (2015) e Brumadinho (2019) Minas Gerais, que deixaram um rastro
de destruição matando diversas pessoas, animais e mudando completamente a paisagem da região.
Governo e universidades do mundo todo investem em estudos
e pesquisas de novos processos e produtos que contribuem com a preservação do
meio ambiente. Durante alguns anos os poucos parques eólicos e solares, que existiam no Brasil sofreram com o problema de falta de conexão com as linhas de transmissão, o que dificultava que a energia limpa chegasse até os consumidores finais.
Os parques eólicos e solares que deveriam ser uma solução energética, andam em passos lentos no país, uma vez que, ainda são poucos se comparados com a energia gerada por usinas hidrelétricas. Segundo a Câmara de Comercialização de Energia (CCEE), o fator de capacidade (FC) de Julho de 2022 referente a energia solar e eólica, a melhor eficiência foi de 29,25% dos parques solares. Os parques solares com as melhores performances estão localizados nos estados da Bahia e Piauí (10 parques).
Os parque eólicos qual o melhor fator de capacidade (FC) foi responsável pela geração de 85,4% de energia em 10 parques localizados nos estados da Bahia e Piauí. Apesar de ainda o país ter poucos parques de energia solar e eólica, segundo o Ministério de Minas e Energia o Brasil está em segundo lugar na matriz energética perdendo apenas para a China.
A quantidade destes parques ainda é muito pequena em
proporção a quantidade de usuários que necessitam de energia elétrica, outro
percalço é a falta de incentivos em criar parques solares que sejam adequados
ao tipo de clima tropical ficando restrito a alguns tipos de empreendimentos.
Os incentivos no Brasil são baixos na questão da energia
renovável e construção sustentável até porque não há tantos técnicos
capacitados nem no governo para avaliações, e nem nas empresas que ainda
consideram a sustentabilidade um modismo por não entenderam qual o conceito e a
importância da sua aplicação. O que há é muita desinformação, resistência e
greenwashing.
Há criação
de alternativas, ideias e pesquisas sendo feitas em outros países como é o caso da startup Kemit-Ecology de Camarões, que desenvolveu uma ideia bem simples. As
ruas e praças da cidade de Duala, em Camarões, são repletas de frutas,
vegetais, cascas de banana, pó de café, espigas de milho, entre outros detritos,
a ideia desenvolvida pela startup foi de transformar os resíduos em combustível.
A partir de julho de 2014, a empresa recolhe
este lixo e utiliza como matéria-prima para produzir briquetes de carvão orgânico
que são utilizados para cozinhar. O carvão orgânico emite baixos níveis de gás
de efeito estufa, afirma Mueller Tenkeu Nandou o criador da ideia, os briquetes
têm por objetivo substituir o carvão vegetal, já que a demanda no país é alta e
o custo ambiental também.
O que antes era descartado e acumulava pelas ruas e praças
hoje serve de combustível a um preço muito mais acessível e com menores níveis
de poluição.
Agora imagine uma LED mais eficiente e mais sustentável?
Esta é a proposta de uma equipe de materiais da Florida State University,
pesquisadores desenvolveram um novo tipo de díodos emissores de luz utilizando
um híbrido orgânico-inorgânico mais barato, brilhante com luzes produzidas em
massa e que possam ser exibidas por um período mais longo.
O professor assistente de física Hanwei Gao, e o
professor associado de engenharia química Biwu Ma está usando uma classe de
materiais chamados perovskites de iodetos organometálicos para construir um LED
mais eficiente.
Perovskites são materiais com o mesmo tipo de estrutura do
cristal de óxido de titânio como o cálcio. Outros pesquisadores experimentaram
os perovskites para construir LEDs no passado, mas não conseguiram construir
nada tão eficaz. Depois de meses de experimentos usando química sintética para
ajustar as propriedades dos materiais, e a engenharia do dispositivo para
controlar as arquiteturas destes dispositivos finalmente criaram um LED que
ficou melhor do que o esperado. Ele é medido em cerca de 10.000 candelas por
metro quadrado a uma tensão de condução de 12V-candelas, que são a unidade de
medida para a luminescência. O brilho excepcional e a alta eficiência se devem
ao nanomaterial cristalino utilizado no experimento, o que proporciona também a
sua fácil produção.
Engenheiros que tal a ideia de ter um aço que
resista ao hidrogênio? Mágica? Não, este é o projeto que está sendo
desenvolvido por um grupo de pesquisadores da Universidade de Oxford, na qual
pretendem construir metais resistentes no futuro onde possam conservar a força
do aço na presença do gás hidrogênio.
O aço é matéria-prima para diversos produtos desde o
chassi de um carro, vigas de concreto armado, cabos de sustentação, motores a
jato, etc., os avanços da tecnologia do aço de alta resistência poderiam
permitir aos engenheiros um uso menor do material tornando possível a criação
de estruturas mais leves, porém mais fortes. O importante é entender porque
este estudo é tão importante, alguns aços podem sofrer uma diminuição da força quando
expostos ao hidrogênio, o que significa que eles podem falhar quando submetidos
a um décimo de tensão máxima do que possam suportar. Um aço mais resistente proporcionaria maiores
aplicações tanto do titânio para os produtos aeroespaciais, quanto dos aços
revestidos de zircônio de hastes de energia nuclear.
Que tal interagir com a possibilidade de termos no futuro
próximo um processo mais eficiente e barato para poder dessalinizar a água do
mar? O sonho de transformar a água do mar em potável, proporcionando o seu uso
racional na agricultura e outros processos, está próximo de acontecer. Os
processos utilizados atualmente são muito onerosos.
Pensando nessa possibilidade uma equipe de pesquisadores
do MIT veio com uma abordagem inovadora diferente da maioria dos sistemas de
dessalinização tradicional, pois não separa os íons ou as moléculas de água com
filtros, que podem ficar obstruídos e consome grandes quantidades de energia.
O sistema utiliza uma onda de choque de
acionamento elétrico dentro de uma corrente de água que flui empurrando a água
salgada para um lado e do fluxo de água fresca para o outro, permitindo a fácil
separação das duas correntes. Esta nova abordagem é descrita na revista
Environmental Science em um artigo do professor de engenharia química e
matemática Martin Bazant.
A separação das membranas de íons e partículas é o
principal foco deste novo sistema diferente dos processos tradicionais, que
usam osmose inversa ou eletrodiálise. Em comparação com os sistemas
tradicionais, o processo permite que as moléculas de água passem, mas bloqueiam
os átomos maiores de sódio e cloro de sal.
Quem sabe com estas pesquisas inovadoras que utilizam a
nanotecnologia poderemos ter um futuro mais sustentável, e com isso o governo brasileiro
possa enxergar uma nova possibilidade de desenvolvimento econômico e social
mais aceitável às próximas gerações.
Artigo reeditado para a situação atual - Novembro/2022.
Artigo protegido pela Lei 9.610 de 19 de fevereiro de
1998. É PROIBIDO copiar, imprimir ou
armazenar de qualquer modo o artigo aqui exposto, pois está registrado.
Baseado no trabalho disponível emhttp://marisadiniznetworking.blogspot.com/2015/11/o-brasil-na-contramao-da.html.
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