Marisa
Fonseca Diniz
“Não consigo controlar meus sentimentos. Controlar-me é
difícil, não posso controlar-me, eu explodo. Sou minha própria bomba. Meu cérebro
é uma Hiroshima permanente e meu despertar um cataclisma. Sou meu pior drama,
pior ainda, eu me achei sem me procurar. Então, não pergunte porque eu não
posso amar...”
(Trecho do Filme: “Borderline – Além dos
Limites” de 2008)
Culpa, medo, complexos, traumas, baixa tolerância a
frustrações, estresse, impulsividade, tristeza, depressão, dificuldades de
relacionamentos, ansiedade, problemas sexuais, transtornos de humor, uso
abusivo de álcool e drogas são apenas algumas das características mais
marcantes de um transtorno de personalidade de difícil diagnóstico, mas que acomete
pessoas de ambos os sexos.
O TPB – Transtorno de Personalidade Borderline também
conhecido como TPL - Transtorno de Personalidade Limítrofe ou Transtorno
Estado-Límite da Personalidade é caracterizado como uma personalidade de
desregulação emocional, raciocínio extremista e relações caóticas. Borderline é
uma palavra de origem inglesa que significa fronteiriço, ou seja, as pessoas
com este tipo de personalidade vivem no limite da sanidade não se encaixando em
nenhum quadro neurológico ou mental.
Imagine conhecer uma pessoa que nas conversas deixa
claro que depois da morte de seus entes queridos passou a ter fobia da solidão?
As conversas fluem de maneira agradável e tudo parece se encaixar
perfeitamente, o humor apurado, as constantes conversas, um toque de ciúmes até
a hora que uma das partes em questão sente a necessidade de estar mais perto, e
querer tirar a prova se tudo aquilo é verdadeiro ou apenas uma ilusão.
“Quando alguém me ama, eu deveria me sentir bem confortável,
mas eu acabo fugindo.”
(Trecho do Filme: “Borderline – Além dos
Limites” de 2008)
Acaba se deparando com uma pessoa completamente indecisa,
com lapsos de memória, que de uma hora para outra muda de ideia, inventa
histórias, alcoolista, onde tudo acaba não tendo muito sentido e acaba se
sentindo um escape daquele indivíduo?
Os sintomas aparecem durante a adolescência e se
concretizam por volta dos 20 anos persistindo pela vida toda. Os portadores de
personalidade borderline possuem uma série de sintomas psiquiátricos, tais como:
Os borderlines reclamam constantemente da sensação de
vazio interior, possuem a necessidade de estarem sempre rodeados por pessoas e serem
aceitos pela sociedade. Sempre elegem uma pessoa que serve como escape para
suas vidas podendo ser a imagem personificada de um ente que amam
compulsivamente, ou seja, mãe ou pai. Neste quesito, de imagem personificada
entra o Complexo de Édipo que se desenvolveu ao longo da vida devido algo
específico que aconteceu na infância como o caso da separação dos pais, onde o filho se colocou no lugar do pai ausente. O Édipo mal resolvido pode ser fonte de
angustias, neuroses, perversões e outras formas de distúrbios psíquicos e de
comportamento.
As situações de negação de prazer por forças externas
vivenciadas na infância como a disputa da criança com o pai pelo amor e atenção
dada a mãe faz com que a criança na fase adulta procure sempre a personificação
da mãe em qualquer outra pessoa, quando não consegue acaba gerando um trauma
interno de difícil resolução. A situação piora quando este ente querido morre,
a sensação de perda e frustração faz com que este adulto se sinta sem chão, com
a sensação de vazio, infantilizada e tenta a qualquer custo encontrar alguém
que seja a personificação deste amor.
O escape pode ser considerado alguém que o escuta e o
aconselha, porém quando acredita que algo não está saindo de acordo com suas
perspectivas, compulsivamente pode odiar a pessoa. Em geral, tendem a fazerem
diversas coisas na tentativa de manterem suas mentes ocupadas para não se sentirem
cobradas por seus pensamentos. Outra maneira de fuga dos problemas é beber e se
drogar compulsivamente na tentativa de esquecer o que tanto os atormenta. O
problema maior em se envolver com drogas e o álcool é que passam a ter uma vida
sexual promíscua, conturbada com graves dificuldades de adaptação,
hiperatividade e ansiedade. O álcool e as drogas são usados como válvula de
escape aos borderlines, porém quando o efeito passa eles ficam depressivos. A sensação de desligamento dos problemas faz
com que eles se viciam nestes tipos de drogas acarretando problemas cada vez
mais graves.
“Serginho é um menino de 14 anos muito mais maduro que os
outros jovens de sua idade. Ele cuida de seu irmão mais novo, Wiliam, e de sua
mãe ausente e alcoolatra, Luzia. Trabalhando em uma barraca de feira com seu
tio Lazinho, ele só se diverte ao lado de Mudinho, um amigo com quem divide sua
intimidade. O único adulto com quem Serginho tem um relacionamento de afeto é o
professor Ney, que o ajuda com o dever de casa durante a noite. A confusão
entre o despertar de sua sexualidade e a busca de uma figura paterna faz
Serginho perceber que ele está sozinho no mundo.”
(Trecho do filme: “Ausência” de 2014)
Quando se sentem rejeitados ou tentam manipular alguém
sem sucesso praticam a automutilação ou tentam o suicídio para chamar atenção das pessoas para si mesmas. Há casos que
vão mais além do incompreensível como simular situações, onde se sintam o
centro das atenções, quando não conseguem atingir seus objetivos, se frustram. Do
mesmo modo que amam podem odiar quem não lhes deu a atenção desejada, tendo
atitudes impulsivas, atacando, ameaçando e fazendo falsas acusações, ou seja,
podem transformar problemas insignificantes em causas extremas, envolver
autoridades policiais e até mesmo a justiça.
Este distúrbio de conduta causa diversos problemas tanto
aos portadores quanto as pessoas que os rodeiam, pois possuem grandes
dificuldades de relacionamento social, sendo muitas vezes briguentos quando
contrariados por terem aflorados os sentimentos de rejeição e não aceitação.
Raramente conseguem ficar por muitos anos em um mesmo trabalho ou em um
relacionamento.
No caso dos relacionamentos afetivos tendem a ter
relações conturbadas, intensas e instáveis, alguns por não terem aceitação da
sociedade ou da família sendo homossexuais, optam em ser bissexuais. Quando se
sentem aceitos por alguém tendem a fazer um esforço enorme para evitar o
abandono, grudam no parceiro como se fosse um objeto, demonstrando um amor
doentio e sufocante.
Segundo estudos, os traços relacionados ao TPL são
influenciados por genes e a personalidade é geralmente hereditária, por sua
vez, as causas deste tipo de personalidade também estão relacionadas a uma
infância traumática, onde há abuso sexual, outras formas de abuso, separação
dos pais, família disfuncional ou a soma destes e outros fatores. Famílias
disfuncionais são principalmente o resultado de adultos codependentes e afetados
por vícios, tais como álcool, drogas e cigarro. Os borderlines dificilmente
procuram ajuda, por não acreditarem ou aceitarem serem portadores deste tipo de
comportamento.
Em geral, os amigos e familiares que estão mais próximos
dos borderlines tentam ajudá-los, porém com o insucesso de suas ações, os
portadores acabam ficando completamente isolados até cometerem suicídio. A cura
tem que vir de quem sofre com o problema, portanto quando o portador não se
interessa em se tratar o melhor a fazer é se afastar.
Relações tóxicas
sejam pessoais ou profissionais fazem mal, e o melhor a fazer é ignorar a
pessoa e sumir da vida delas para sempre!
“Não se esqueça, porque qualquer semelhança é mera
coincidência, pois casos como estes existem aos montes, seja no mundo real ou
virtual.”
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1998. É PROIBIDO copiar, imprimir ou
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O trabalho A bomba perfeita: traumas, baixa tolerância e álcool de Marisa Fonseca Diniz está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível emhttp://marisadiniznetworking.blogspot.com/2016/02/a-bomba-perfeita-traumas-baixa.html.
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