Eternos insatisfeitos e comodistas

Marisa Fonseca Diniz

Alguns indivíduos são comodista sim, para não dizer folgados, em plena crise econômica global, invés de colocar a mente para criar e o corpo para executar, reclamam e nada fazem para melhorar a situação na qual vive. Reivindicam a falta de educação, mas não gostam de estudar, reclamam da falta de emprego, mas detestam trabalhar, possuem receita para todos os problemas sociais do país, mas não estendem a mão para ajudar ninguém, salvo raras exceções.

Dão palpite na vida alheia, mas não conseguem consertar a própria vida, incrível a capacidade de julgamento político e econômico que possuem, mas não conseguem interpretar um texto simples ou calcular uma soma matemática.

Direita, esquerda, socialismo, comunismo, anarquia, populismo, democracia, capitalismo é qualquer coisa, cheios de entender todas as ideologias. Entendidos tem receita para tudo, como ganhar dinheiro rápido, prosperar nos negócios, alavancar vendas,  conquistar o homem ou a mulher perfeita, como se transformar em uma mulher maravilhosa ou no super homem. No entanto, nem sempre as receitas parecem ser tão milagrosas, pois na hora de vender o livro mágico apela aos amigos.

Reclamam da falta de oportunidades na vida, mas dispensam todas, e depois ficam se lamentando que o mercado de trabalho está fraco, é preconceituoso ou o salário dos sonhos não é tão bom assim. Questionam-se porque não são chamados para as entrevistas, já que consideram o próprio currículo profissional impecável, reclamam porque foram dispensados da entrevista e não receberam qualquer feedback, reclamam da vaga, do salário proposto, do emprego que é longe, do entrevistador,  porque não  tinha carteira de trabalho registrada, reclamam porque isso, porque aquilo, reclamam, reclamam, reclamam, são eternos insatisfeitos.

Os indivíduos se graduam com o conceito de que sairão das faculdades 100% capacitados para assumir qualquer tipo de função em suas áreas de atuação, mas quando entrevistados mal sabem falar. Certos seres humanos são realmente lamentáveis, não sabemos se devemos rir ou chorar, porque nunca sabe o que querem, e nem qual caminho seguir. Sonham, mas nunca realizam, reclamam, mas nunca mudam suas atitudes, falam palavras bonitas, mas nunca tem atitudes que condizem com as palavras.

Reclamam tanto que até cansa escutar, reclamam quando não tem plano de saúde, e depois quando consegue um, reclamam do mau atendimento, do valor, dos profissionais, mas não tem coragem de ligar para a agência de regulamentação para registrar a queixa, sempre quer terem o melhor pelo menor preço.

Compram celular, notebook e eletrônicos caros no exterior sem pesquisar no país, simplesmente porque confiaram no conselho do amigo do amigo que comprou e disse que os impostos nacionais por serem exorbitantes encarecem o produto, e depois não tem como trocar quando os equipamentos estão com defeito. Compram roupa de gripe, que explora a mão de obra nos países pobres, e depois assinam abaixo assinados virtuais sobre a mão de obra escrava.

Protestam da roubalheira, mas não assumem quando elegem políticos sem nem se quer pesquisar o histórico profissional dos mesmos, nunca cobram promessas de campanha, e depois fazem de tudo para derrubar os eleitos. Reclamam da corrupção, mas não assumem que também são corruptos, quando roubam no troco da padaria, quando colocam o amigo na vaga de confiança, quando não pagam o empréstimo solicitado, quando pegam a caneta e não devolvem, quando furam a fila, quando sentam no banco reservado para pessoas especiais, difícil reconhecer o erro, porque apontar o erro alheio é muito mais fácil.

Sonham o ano inteiro em ganhar na loteria da virada para deixar de trabalhar, como se alguns gostassem de trabalhar ou trabalhassem muito. Reclamam da falta de trabalho, mas quando está trabalhando, reclamam do chefe, do serviço, da empresa, dos benefícios, nossa, como reclamam, nada está bom.

Realmente é difícil saber o que está bom para alguns indivíduos, já que eles passam quase 24 horas do dia reclamando, quando não ficam estirado no sofá esperando que alguém vá até eles, entregar o emprego perfeito com alto salário e pouca responsabilidade, de preferência com flexibilidade de horário, e todos os benefícios que qualquer sultão merece.

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