Marisa Fonseca Diniz
Vivemos tempos tensos em questão de educação
básica, não apenas anda falha a de conhecimento que deveria ser ensinada nas
escolas, como também aquela que deveria ser aprendida no seio da família, em
casa.
De alguns anos para cá podemos perceber que as novas
gerações andam completamente sem educação, onde não há limites, valores, regras
disciplinares e tão pouco bons exemplos a serem seguidos. Os responsáveis,
sejam país ou avôs, são completamente omissos na educação das crianças e
jovens.
Desde muito pequenas
as crianças vem sendo educadas para serem reis e rainhas sendo lhes permitido
tudo, pois o poder lhes pertence, e como consequência desta falta de limites
tem formado jovens e adultos delinquentes,
ou seja, que não respeitam normas, leis e muito menos pessoas.
Infelizmente, muitas crianças jamais ouviram um NÃO de
seus pais ou responsáveis, o que traz diversos danos à conduta e ao
amadurecimento destes futuros adultos, além de terem que conviver com o passar
do tempo com as frustrações em não poderem ter tudo em suas mãos na hora que
bem entenderem.
No passado, nossos avós e pais receberam uma educação repressora e autoritária, onde um simples olhar já era o suficiente para que as crianças soubessem o que não podiam fazer. No entanto, a falta de limite que deveria ser oferecida aos filhos tem sido uma desculpa recorrente pela falta de tempo com eles.
Altas cargas de
trabalho tem feito com que muitos responsáveis sejam completamente omissos na
educação familiar, no entanto não medem esforços e muito menos consequências em
presentear constantemente seus filhos com brinquedos e aparelhos eletrônicos de
última geração como uma maneira de encobrir a própria negligência.
O fato de permitir que os filhos sejam donos do próprio
nariz em fases tão prematuras tem gerado crianças birrentas, cheias de razão e problemáticas.
Educar é um ato de amor, porém muitos pais e responsáveis deixam a situação correr
com o tempo, sem terem paciência para educar as crianças e muito menos oferecer
limites ou dialogar com elas passando esta responsabilidade para os futuros
professores, o que é um grande erro.
A falsa ideia de que criança pode tudo é uma maneira que
os responsáveis encontraram para dizer que são descompromissados e negligentes
com os filhos, ou seja, deixa o mundo criá-los porque aproveitar a vida é muito
mais interessante.
Não há nada mais desagradável do que conviver
indiretamente com crianças que abusam da falta de limites, e tentam a qualquer
custo mostrar que são mais importantes do que tudo, o que denota a completa
falta de amor dos seus responsáveis, e causa desconforto àqueles que não têm
obrigação de suportar manha e falta de respeito.
Não são raras as situações em que as crianças em espaços
públicos ou particulares, como escolas, parques, restaurantes, shoppings, entre
outros, quando não são atendidas em seus desejos agem com agressividade sobre
outras crianças, forçam choros ou tentam medir forças com adultos até
conseguirem o que tanto almejam como um doce, um brinquedo ou apenas atenção
fazendo com que seus responsáveis abram guarda e sejam permissivos em suas
vontades.
Segundo White (1976, pg. 11), quando os pais não colocam
limites para os filhos desde sua infância, estão contribuindo para formar
cidadãos que não compreendem suas responsabilidades e que não respeitam normas
e o outro, acabam colhendo aquilo que semearam com a sua educação. Não
raramente vemos pais desesperados com seus filhos na fase adulta culpando o
mundo por não ser tão generoso com eles, o que podemos perceber pela quantidade
de pessoas nos mais variados presídios do Brasil e em países onde a educação básica é completamente
nula.
O que antes era considerado radicalismo tendo os pais
como autoridade, pouco tempo depois alguns estudiosos na disciplina educação destituíram
os pais desta responsabilidade por acreditarem que dizer não às crianças poderia
ocasionar traumas e frustrações.
No entanto, esta falta de autoritarismo dos pais trouxe a
tona os mais variados problemas no decorrer dos anos, onde a maioria deles
interpretou que deixar os filhos fazerem tudo que almejavam sem ter regras não
traria qualquer trauma a eles. Porém, segundo Freud (1986) os limites são
necessários para a existência humana, a ausência deles dá a sensação de que as
crianças podem fazer tudo o que considerarem importantes a elas em determinado
momento, esquecendo-se por completo que as crianças não possuem maturidade suficiente
para decidirem nada.
La Taille (1999) observa que, o limite é um
termo associado à obediência, ao respeito, a retidão moral e a cidadania, de acordo
com os estudos de Jean Piaget (1994), os limites estão relacionados ao
desenvolvimento da moralidade na criança. Pais que tratam os filhos dentro de
uma redoma esquecem que elas precisam ter frustrações para criar respostas de
defesa, bem como devem ser tratadas não como pessoas que possuem falta de
entendimento e sim como seres inteligentes o bastante para entenderem porque há
regras e normas disciplinares que devem ser respeitas e cumpridas.
Outeiral (1994) deixa claro que limite significa a
criação de um espaço protegido, onde a criança poderá exercer sua criatividade
e espontaneidade sem receios e riscos, e que os filhos esperam dos pais limites
claros e bem definidos. Percebe-se claramente que, os limites são necessários e
a falta deles expõe as crianças aos riscos da delinquência na fase adulta, além
de poder colocar em risco a conduta delas.
Caso, o exemplo dos pais não seja adequado e não aja
orientação ou limites, o desvio ou transtorno de conduta pode ser moldado na
fase infantil e na juventude, que é caracterizado por padrões persistentes de
conduta socialmente inadequada, agressiva, desafiante com a violação das normas
sociais ou direito individual.
Vortella e La Taille (2005) afirmam que uma atitude moral
implica o respeito ao outro, bem como o respeito às necessidades e
particularidades do outro, além do respeito aos demais pontos de vista, o que
implica na capacidade de pensar no bem comum. O que podemos concluir é que os
limites estão diretamente associados a capacidade que a criança tem em se
socializar e ter uma boa convivência de maneira que ela reconheça e considere
seus próprios limites, além de respeitar todos aqueles que direta ou indiretamente
são responsáveis por sua educação.
Quando há falha na comunicação e não há qualquer
tipo de limite, as crianças tendem a não respeitar ninguém, pois acreditam que
tudo lhes é permissivo, já dizia Içami Tiba, educar dá trabalho, mas é um trabalho que dá bons frutos.
Agora se você não tem tempo para educar seus filhos e
acredita que esta responsabilidade é exclusivamente dos professores, e que a
sociedade deve aceitá-los como eles são, mal educados e birrentos, então tenho
algumas regras básicas de como você deve educar seus filhos para se tornarem
delinquentes na juventude e na fase adulta.
Agora se você for uma pessoa que se preocupa
com a educação dos seus filhos e achar importante dar limites a eles para que
sejam pessoas melhores, faça tudo ao contrário, pois os filhos tendem a admirar aqueles que os ensinam a respeitar todas as normas, leis e
pessoas. As crianças precisam brincar, bem como ter a atenção dos pais,
precisam se comunicar e acima de tudo precisam ter educação básica do que é
certo ou errado.
Se coloque no lugar dos seus filhos e dê a eles a
educação que você gostaria de ter tido, assim no futuro você vai fazer com que
eles sejam seres humanos muito melhores do que os que não respeitam nada e
ninguém!
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1998. É PROIBIDO copiar, imprimir ou
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O trabalho Como criar um delinquente de Marisa Fonseca Diniz está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://marisadiniznetworking.blogspot.com/2017/11/como-criar-um-delinquente.html.
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