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Por que surgem as favelas?


Marisa Fonseca Diniz



Em algum momento da vida, todas as pessoas já se questionaram porque de repente as favelas surgem, mas o que poucas pessoas sabem é que por detrás deste aparecimento repentino há diversos problemas sociais envolvidos.

Atualmente somos um pouco mais de 7,7 bilhões de habitantes na Terra, porém as previsões são de que em 2050 seremos 9 bilhões. Segundo dados da Nações Unidas (2005), o déficit habitacional atinge cerca de 330 milhões de pessoas em todo mundo,  (2017), ou seja, cerca de 1,2 bilhão de pessoas não possuem habitação adequada. A relação entre a quantidade de pessoas que habitam o planeta e os que não possuem moradia tende a aumentar no decorrer dos anos.

Habitações inadequadas, pessoas sem abrigo, residentes em assentamentos inadequados, favelas verticais e horizontais, entre outras moradias inapropriadas para o bem estar do ser humano surgem a todo momento. As favelas sempre incomodam pessoas das classes sociais mais altas por acreditarem que é um reduto de pessoas perigosas, quando na verdade é um tipo de habitação frágil que pode ocupar irregularmente terrenos públicos, privados ou áreas impróprias, tais como encostas de morros, margens de córregos, rios, canais, mangues e mananciais.



As favelas sempre se iniciam em lugares ermos com nenhum tipo de infraestrutura, sem esgoto, abastecimento de água, energia, posto de saúde, coleta de lixo, escolas, creches ou transporte público, por exemplo, porém com o passar do tempo elas se expandem e acabam tomando conta do entorno das cidades ou até mesmo acabam sendo incorporadas pelos grandes centros urbanos.

O grande problema da formação das favelas, barriadas, callampas, bairro de lata, musseque, caniço ou barrios é a desigualdade social nas cidades, não ficando mais restritas apenas aos grandes centros urbanos, e ocorre tanto em países desenvolvidos como subdesenvolvidos. No Brasil, as primeiras favelas surgiram em 1897 no Rio de Janeiro de maneira tímida, sendo erguidas pelos soldados que retornavam da Guerra dos Canudos em áreas sem nenhum tipo de importância imobiliária. A partir da década de 1950 houve um aumento da quantidade de favelas devido as transformações econômicas pelas quais o país passava, principalmente pela industrialização das grandes cidades e a explosão populacional.


No final da década de 70, o país sofreu intenso êxodo rural, pessoas saíram do campo em direção às cidades em busca de emprego e como a economia não teve condições de absorver toda a mão de obra disponível acabou por empobrecer uma parte da população e consequentemente a deterioração da vida urbana. Sem investimentos públicos adequados para realizar obras de infraestrutura, as cidades passaram a crescer em direção à periferia, onde surgiram diversos loteamentos clandestinos, cortiços e favelas ao redor dos bairros industriais contribuindo com o subemprego, a informalidade e a explosão populacional. 


O crescimento das famílias que moram em favelas podem ser atribuídas a dois fatores bem interessantes, uma é a elevação desenfreada dos custos relacionados à moradia, e o outro fator é o decréscimo acentuado da oferta de empregos não especializado por parte das empresas. Nos grandes centros urbanos o valor de locação de um imóvel de 02 dormitórios chega a corresponder o dobro dos 30% sugeridos para gastos com moradia ficando um saldo baixo demais para as demais despesas, tais como alimentação e saúde.

A única saída encontrada por algumas famílias foi se submeter a viver em áreas precárias, onde é possível erguer um barraco mesmo correndo risco de serem contaminadas pelo lixo ou perderem a moradia para um incêndio. 
Durante décadas várias foram às tentativas de eliminar as favelas nas principais cidades do Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro. Em 1950, apenas 7% da população do Rio de Janeiro viviam em favelas, porém atualmente são mais de 22%.

Muitos são os preconceitos pelos quais os moradores de comunidades carentes enfrentam diariamente, uma vez que os moradores do asfalto tendem a ter um falso conceito de que todas as pessoas que vivem nos morros são  traficantes ou bandidos, quando na verdade este problema não está apenas restrito as favelas, e sim é um problema que acomete todas as classes sociais. A falta de políticas públicas sociais direcionada a população mais carente deixou uma fenda enorme, o que contribui para os chefões do crime organizado e os traficantes tomarem conta das favelas no Brasil. No entanto,  também há alguns trabalhadores que moram em comunidades, e apesar de todas as dificuldades estruturais, não deixam de ter conforto, tais como eletrônicos de última geração, TV digital, computador, Iphone ou carro.


As moradias são construídas com materiais baratos, leves e fáceis de serem carregados pelas vielas estreitas e morros íngremes das comunidades, tais como madeira, papelão e plásticos, as mais antigas são construídas por gerações, onde o material é substituído por tijolos, pilares de concreto que compõem as estruturas, as lajes de vigotas, blocos aparentes e cobertura de telha de amianto, ou seja, a infraestrutura é mínima e totalmente frágil, pois não há a supervisão de um engenheiro civil ou arquiteto deixando esta árdua tarefa aos pedreiros e serventes sem nenhum tipo de conhecimento ou formação técnica.


A energia elétrica é adquirida de maneira ilegal e inadequada por meio de gambiarras, gatos ou ligações clandestinas, há precariedade no saneamento básico das favelas, quando não são fornecidas pela companhia de abastecimento é adquirida ilegalmente e armazenada em caixas d’água ou em latões. A falta de estética é outra característica típica destas moradias, as de tipologia comercial são pintadas ou azulejadas. A maioria das residências possui tijolo aparente, uma ou duas caixas d’água instaladas na laje, antena parabólica, dependendo da localidade, ar condicionado e janelas protegidas com grades de segurança.
Diversos são os projetos sustentáveis aplicados nas favelas brasileiras, tais como jardins que reutilizam garrafas PET, pneus usados, a aplicação de painéis solares nas residências aproveitando a abundância de raios solares, a construção de cisternas e biodigestores que tratam os resíduos orgânicos e retornam em forma de gás aos fogões domiciliares. Infinitas são as táticas sustentáveis aplicadas às favelas, apesar da falta de infraestrutura, alguns projetos se destacam nas comunidades por acreditar que os moradores podem ter uma melhor qualidade de vida protegendo o meio ambiente e aproveitando o lixo que antes ficava acumulado nas encostas dos morros.
Pequenas atitudes fazem toda diferença na vida daqueles que são desprovidos financeiramente, mas que não podem ser esquecidos pelos governos e investidores. Todos nós devemos fazer a nossa parte neste Planeta, a fim de que todos possam ser beneficiados por estas ações. 

Artigo editado em Julho/2022.

Artigo protegido pela Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. É PROIBIDO copiar, imprimir ou armazenar de qualquer modo o artigo aqui exposto, pois está registrado.

Licença Creative Commons
O trabalho Por que surgem as favelas? de Marisa Fonseca Diniz está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://marisadiniznetworking.blogspot.com/2018/01/por-que-surgem-as-favelas.html.


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