Marisa
Fonseca Diniz
Você permitiria que uma criança de seis ou quatro anos
mandasse na sua casa, na sua vida e quando fosse visitar um ente querido se
sentisse a vontade para fazer o que bem entender sem se importar em respeitar
as pessoas? Pode parecer estranha esta pergunta, mas saiba que a permissividade
de muitos pais tem criado tiranos infantis, que se sentem a vontade para fazer
o que bem entendem, seja em casa, na escola, na rua ou em qualquer lugar sem se
importar com o que os outros vão falar, pois eles são mais importantes do que
tudo que está à volta.
A repressão educacional dos avós no passado fez com que
uma geração de filhos fosse criada sem limites acreditando que a disciplina
pudesse traumatizar e frustrar as crianças quando adultas, porém os filhos dessas
gerações têm criado filhos sem nenhuma disciplina, limite ou respeito, sendo
tudo permitido.
Atualmente, os pais da nova geração acreditam que por
ficarem muito tempo fora de casa devido suas atividades laborais, o melhor a
fazer é permitir que seus filhos façam tudo que desejam confundindo liberdade
com indisciplina. Outro quesito equivocado para suprir a falta de tempo com os
pequenos tem sido presentear os rebentos com tudo aquilo que há de melhor e
mais caro no mundo, tais como brinquedos, tecnologia, viagens, entre outros, a
fim de não se sentirem culpados no futuro e as crianças não se sentirem
frustradas por não conseguirem realizar seus desejos.
Atitudes inconsequentes dos pais tem feito com que os
filhos da nova geração sejam crianças sem limites, indisciplinadas, rebeldes,
manipuladoras, desrespeitosas, mimadas, birrentas e mal educadas. Crianças cada
vez mais novas, como exemplo do começo deste artigo, vêm se tornando tiranas por
falta de comprometimento dos pais em amá-las e educá-las, porque permitir que
elas façam tudo sem direção não é uma demonstração de amor, e sim de falta de responsabilidade
dos pais.
Aqueles que deveriam ser responsáveis pela educação
básica e familiar dos filhos, e assim não o fazem, estão permitindo que seus
pequenos tenham a Síndrome do Imperador, ou seja, são crianças com
comportamento abusivo e agressivo em relação às outras pessoas. Falta de disciplina
e limites fazem com que as crianças não sintam culpa alguma em referência a
seus atos, apesar de ter um comportamento desmedido e nada convencional à sua
idade.
Os pequenos “imperadores e imperatrizes” do mundo atual
são controladores, manipuladores, dão ordens e exigem que os respeitem,
impulsivos, não temem nenhum tipo de autoridade, tais como professores, pais ou
pessoas mais velhas, o quadro piora quando quem deveria cuidar deles é alguém
que desenvolveu a mesma síndrome ou tem algum distúrbio de comportamento como a
psicopatia que nem sempre é perceptível por outras pessoas ao redor.
Uma criança imperadora é capaz de tudo, desde empurrar
propositalmente os colegas na escola como bater, ameaçar, coagir, agredir
verbalmente qualquer indivíduo com a conivência de seus responsáveis, não é
capaz de ser solidária e quando frustrada em seus desejos se torna violenta. Na
fase infantil são o centro de tudo, chamam atenção, gritam quando contrariadas,
esperneam e se debatem no chão, além de serem agitadas, inquietas,
insubordinadas, rebeldes e desobedientes ao extremo. Estes tiranos são seres arrogantes,
soberbos, desobedecem normas, regras e ordens.
Egocêntricas desfrutam a vida da melhor maneira sem se
importar com as outras pessoas, conviver com elas ou próxima a elas é um grande
sacrilégio, desafiadoras, mentirosas, cruéis, chantagistas emocionais e choram
quando não são atendidas. É um grande erro pais ou responsáveis dizerem “que criança
pode tudo”, em geral este tipo de afirmação é uma resposta pela imaturidade e
irresponsabilidade de quem deveria educar e não o faz.
Na fase da adolescência, os tiranos imperadores acreditam
que podem tudo porque se sentem sempre insatisfeitos, não desenvolvem vínculos
afetivos com ninguém, essa atitude é justificável, uma vez que as outras
pessoas não conseguem ficar próximas de alguém insuportável de se conviver.
Explorador e irresponsável podem desenvolver uma personalidade mais agressiva e
chegar a causar danos irreparáveis a familiares.
Na fase adulta, esses indivíduos quando não tratados se tornam
cada vez mais autoritários, tiranos e perturbadores, pior ainda quando
continuam sendo incentivados por pessoas que acreditam ser apenas uma rebeldia
passageira. Já dizia o psiquiatra Içami Tiba em seu livro “Quem ama, educa!”, pais
responsáveis e amadurecidos se preocupam com seus filhos e sabem que o melhor
caminho é a educação, a disciplina, a comunicação e os limites.
Os filhos nascem inteligentes e não devem ser subestimados,
os pais devem colocar limites e discipliná-los usando a comunicação, olhando
dentro dos olhos e mostrando a eles a importância da hierarquia familiar e do
respeito, pois assim crescerão fortes para superar qualquer medo, fracasso ou
trauma.
Há uma passagem na Bíblia, Provérbios 13:24, que fala da importância em amar e educar os filhos: “ O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que ama, desde cedo o castiga”, ou seja, quando educamos as crianças da forma correta não permitimos que o mundo os corrija, pois a sociedade com certeza não terá a mesma dedicação e amor por eles como os pais.
O desleixo dos pais com relação à educação dos filhos faz
com que eles cresçam inseguros e insatisfeitos com tudo que os rodeia, a
frustração faz parte do amadurecimento das pessoas, e tentar evitar isso na
fase infantil é atestar a própria inabilidade de ser pai e mãe por falta de
sabedoria, conhecimento ou até mesmo imaturidade. E neste caso o melhor a ser
feito é buscar ajuda psicológica, a fim de evitar danos futuros na vida dos
filhos.
Pense sobre isso, o que você espera do seu filho no
futuro? Uma pessoa que saiba respeitar, grata, compreensível, amável, feliz ou
um adulto arrogante, soberbo, frio, egoísta, agressivo, mal educado e infeliz?
Artigo
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O trabalho Quando o reino é o próprio umbigo de Marisa Fonseca Diniz está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://marisadiniznetworking.blogspot.com/2018/08/quando-o-reino-e-o-proprio-umbigo.html.
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