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Balela...muita teoria para nada


Marisa Fonseca Diniz



Quando estamos em busca de uma nova recolocação no mercado de trabalho ficamos mais atentos às oportunidades observando detalhadamente os anúncios publicados pelas empresas, sites, consultorias, agências de emprego e redes de networking. E é justamente neste momento que temos a chance de analisar detalhadamente o que é de fato anunciado, absurdos e propostas descabíveis a quem busca algo sério no mercado de trabalho.

A maioria das pessoas que estão em busca de uma oportunidade prefere ter um emprego invés de um trabalho remunerado. Há diferenças no significado destas duas palavras, tanto empresas quanto profissionais em geral se confundem e acabam deixando passar as oportunidades e os talentos por não saber o que de fato buscam: um funcionário ou um profissional.

Entenda a diferença entre estas duas palavras:

Ø TRABALHO: está ligado aos objetivos e as realizações profissionais, ou seja, carreira profissional;

Ø EMPREGO: é o ofício desenvolvido exclusivamente com a intenção de ganhar dinheiro, independente de o profissional gostar ou não de exercer determinada função.

Quando digo que estou em busca de um trabalho remunerado, quero simplesmente dizer que procuro uma oportunidade de compartilhar e adquirir conhecimentos, além de desenvolver-me na carreira profissional auxiliando o desenvolvimento da empresa, a fim de atingir as metas pré-estabelecidas.

Não se engane quem fica estagnado no tempo perde a oportunidade de crescer na vida, assim como há muitas pessoas que já perderem a fé em si mesma e buscam apenas um salário fixo que possa prover suas despesas mensais.

Independentemente da idade dos profissionais, todos deveriam ter como objetivo principal a evolução da carreira sem ficar pensando somente na aposentadoria ou no salário que irá receber no final do mês. Ora, dinheiro não é tudo, embora seja necessário, mas quem pensa apenas nos ganhos financeiros deixa de aproveitar as oportunidades que a vida oferece para que possamos aprender novas profissões.

Não há nada mais inapropriado do que lermos comentários ou artigos preconceituosos, que insistem em generalizar profissionais de determinadas gerações. Não importa a geração, o que importa mesmo é saber se o profissional que busca uma nova chance de recomeçar no mercado de trabalho está apto para assumir novas responsabilidades e tem a intenção de adquirir novos aprendizados.

As empresas necessitam ter em suas equipes de trabalho profissionais de diferentes gerações, por exemplo, os mais velhos podem ensinar aos mais jovens como equilibrar as contas financeiras em épocas de crise econômica, uma vez que já vivenciaram épocas de alta inflação e recessão. Em contrapartida, os jovens podem compartilhar conhecimentos tecnológicos avançados com os demais profissionais.

Embora a internet tenha sido criada em 1969 nos Estados Unidos, há muitos profissionais das gerações posteriores a este período que recriminam e generalizam os profissionais das gerações anteriores acreditando que todos não passam de pessoas preguiçosas, inaptas e materialistas. Esquecendo-se por completo que generalizar profissionais de determinadas gerações, além de ser um grande erro é puro preconceito.


A ideia genial de criar a internet e proporcionar o avanço tecnológico veio de gerações passadas, tanto é que hoje muitos destes “senhores” são idolatrados por jovens do mundo todo, tais como Lee Byung-chull nascido em 1910 (Samsung), Bill Gates (Microsoft) e Steven Jobs (em memória, Apple) ambos nascidos em 1955, Larry Page e Sergey Brin nascidos em 1973 (Alphabet – Google), ou seja, generalizar é só uma maneira de querer ofuscar o talento dos profissionais mais velhos.   

Não podemos esquecer que dentro deste conceito cheio de prejulgamento, o mercado de trabalho tem excluído profissionais capacitados e talentosos de diversas faixas etárias, mas se o profissional for jovem, mulher ou estiver na faixa etária acima dos 45 anos de idade, a dificuldade para se recolocar é muito maior.

O mercado está cheio de pessoas que se autointitulam especialistas em recursos humanos, mas que, no entanto são profissionais que não tem formação alguma na área e que formam suas teorias em cima de opiniões e comentários alheios, que nada entendem do assunto e muito menos de desenvolvimento profissional. Acreditar que os jovens que mal conseguiram se formar no ensino médio devem ser autocapacitados em falar fluentemente diversos idiomas e terem conhecimento generalizado das atividades de uma empresa é um tanto insano, assim como achar que as pessoas mais velhas são todas incompetentes é o mesmo que dizer que apenas os profissionais da faixa etária dos 30 aos 40 anos são realmente competentes para assumir qualquer cargo no mercado de trabalho.



Ora, não sejamos tão intolerantes em questões de competência profissional, pois tanto o jovem como o idoso pode ser sim, sedento de aprendizado. É extremamente saudável o aprendizado constante seja no trabalho, na escola, na universidade ou na vida desde que todos tenham a mesma oportunidade. Nada de excluir um ou outro indivíduo de uma possível seleção de trabalho, o que devemos sim, é excluir de nossa carreira profissional todos aqueles mentores que não possuem experiência, mas que insistem em apresentar receitas prontas de como ter sucesso na vida em pouco tempo, pura balela que não chega a lugar algum e ainda tira dinheiro de quem inocentemente acredita neles.

A média da expectativa de vida no mundo é de 71 anos, muito diferente de 30 anos atrás que era de 48 anos de idade, ou seja, atualmente vivemos mais e melhor. Com o aumento da idade a tendência é criar novas oportunidades de trabalho para as pessoas mais velhas, não esquecendo que nem todas as pessoas irão se aposentar. No Brasil, por exemplo, nem todos os profissionais trabalham dentro do regime CLT – Consolidação das Leis de Trabalho, a grande maioria das pessoas trabalha na informalidade e não pagam qualquer tipo de aposentadoria, seja pública ou privada, e elas estão fadadas a trabalharem até morrer.

Uma minoria aposentada no Brasil recebe valores consideráveis, pois no passado trabalhavam como empresário, funcionário público, militar, político e alguns outros profissionais, porém a maioria ganha apenas um salário mínimo que mal custeia os gastos mensais. Infelizmente, muitos destes aposentados são obrigados a voltar para o mercado de trabalho e como não conseguem recolocação se veem forçados a trabalhar na informalidade para poder complementar o valor da aposentadoria.

Com a futura implantação de novas regras previdenciárias, cada vez mais tarde as pessoas irão se aposentar só que para isso acontecer deverão ser criadas novas oportunidades de trabalho no mercado, caso contrário, muitos irão adoecer, pois sem trabalho as pessoas tendem a ficar mais debilitadas tanto fisicamente quanto emocionalmente, pois acabam tendo que se submeter a subempregos, que escravizam os profissionais e pagam um valor miserável.

O mercado de trabalho não pode ser visto como um local elitizado, onde uma minoria de profissionais é que pode ser premiada com uma oportunidade. Por outro lado, encontramos mundo afora “especialistas” que nunca estudaram administração de empresas ou trabalharam como empreendedores, ensinando fórmulas mágicas de como se tornar um empreendedor de sucesso em um curto espaço de tempo, não se enganem, pois nem todas as pessoas nasceram para empreender algo. Empreender é arte , mas nem todos nasceram com este talento.


Se tornar empreendedor não pode ser considerada a única opção viável para quem busca uma nova oportunidade de trabalho no mercado até porque, nem todas as pessoas tem amparo financeiro para manter uma empresa aberta pelo tempo necessário até conseguir faturar, o que pode levar alguns anos conforme a área na qual se deseja trabalhar.

Poucos são aqueles que relatam a realidade empresarial no país, nada vem fácil, não é à toa que no Brasil quase 60% das empresas abertas em todo país fecham antes de completar cinco anos de existência. As altas taxas tributárias associadas à falta de planejamento e dinheiro afunda qualquer sonho empresarial.

O que muitos entendidos no assunto não dizem é que para se tornar empresário no Brasil, só persistência não faz nenhuma empresa crescer, principalmente em épocas de crise econômica. É de extrema importância ter senso crítico na hora de ler ou escutar assuntos relacionados a startups, por exemplo, pois há alguns indivíduos que dizem que todas elas faturam alto por terem tido ideias inovadoras, porém o que ninguém diz é que 90% delas fracassam, e que os 10% restantes sempre possuem amparo financeiro, seja de investidores ou dinheiro próprio, portanto não se iludam com falsas promessas. 


Balelas a parte, o mercado precisa criar urgentemente oportunidades de trabalho para todos, pois não há nada pior do que ter que depender de alguém para manter o sustento da família, se submeter a empregos degradantes ou trabalhar na informalidade. Políticas bem direcionadas ao desenvolvimento econômico do país associado à redução dos gastos públicos, responsabilidade fiscal e investimentos públicos e privados farão com que o pais entre nos trilhos novamente, e com certeza mais oportunidades de trabalho surgirão.

No entanto, o mercado de trabalho nacional só será autossuficiente quando os profissionais forem contratados por seus talentos, experiências e capacidade de aprendizado e não descartados pela sua raça, gênero, idade ou opção sexual. Devemos andar para frente e não para trás como tem acontecido nesses últimos anos.


Artigo protegido pela Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. É PROIBIDO copiar, imprimir ou armazenar de qualquer modo o artigo aqui exposto, pois está registrado.



Licença Creative Commons
O trabalho Balela...muita teoria para nada de Marisa Fonseca Diniz está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://marisadiniznetworking.blogspot.com/2019/04/balelamuita-teoria-para-nada.html.

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