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Na corda bamba...


Marisa Fonseca Diniz



Se não fosse por alguns seres humanos preocupados com a preservação do meio ambiente, hoje não seriamos nada mais do que pó, sim, pois o inimigo do próprio homem é ele mesmo. Lemos e ouvimos diariamente sobre as atrocidades que o ser humano tem feito em prol ao desenvolvimento industrial e tecnológico das nações, porém muitos de nós esquecemos a importância em preservar o meio em que vivemos. É necessário ter consciência ecológica e sustentável na preservação do meio ambiente, caso contrário no futuro próximo não teremos fauna e flora, e sem isso não seremos nada mais do que parasitas ambulantes.

Cientistas do mundo todo alertam que a sociedade humana está a desaparecer caso nada seja feito, pois o declínio acelerado dos sistemas naturais pode deixar os seres humanos sem nenhum tipo de suporte à vida, sim, o aumento progressivo das doenças ao redor do planeta, muitas antes erradicadas, tem aumentado e consequentemente ceifado vidas precocemente.

O assunto é sério, porém governantes preocupados com o aumento de suas atividades econômicas não tem dado a devida atenção ao tema. O relatório de avaliação global da Organização das Nações Unidas, ONU, revela que a biomassa de animais silvestres teve uma queda de 82%, e um milhão de espécies estão em risco de sumirem da face da Terra decorrente da diminuição acelerada dos ecossistemas naturais (Fonte: IPBES Global Assessment).


Pesquisadores da Northern Illinois University descobriram que habitats de florestas tropicais degradadas estão tendo um impacto prejudicial à diversas espécies animais, em especial aos sifakas diademadas selvagens, uma espécie de lêmures que vive em Madagascar, e que é o grupo de mamíferos estudados nesta pesquisa.


O estudo apresenta dados detalhados sobre as proporções corporais e as dimensões destes animais que ultrapassam os 20 anos de vida com dietas alimentares ricas em frutas e sementes.  Os lêmures estudados vivem na floresta Tsinjoarivo de Madagascar, localizada a 80 quilômetros ao sul e sudeste da capital Antananarivo. Esta floresta tropical é o lar de vários tipos de lêmures, grupo de primatas encontrados apenas no país insular.

Nos últimos 35 anos, grande parte das florestas Tsinjoarivo foram transformadas em terrenos agrícolas, além de cortarem árvores para servir de matéria-prima às habitações de madeira.  Os pesquisadores concluíram que, a mudança nos habitats como causa da destruição humana pode afetar as populações de animais selvagens, principalmente os primatas que mudam sua dieta e os padrões de movimento em decorrência às mudanças climáticas (Fonte: Science Daily).

Na semana do dia 20 de agosto deste ano foi publicado um estudo  na revista Current Biology sobre a extinção de 79 espécies de plantas nos três dos principais centros de biodiversidade do mundo,  Região Florística do Cabo, o Suculento Karoo e o corredor Maputuland-Pondoland-Albany localizados na África do Sul.


A equipe internacional de pesquisadores do Centro de Invasão de Biologia da Universidade de Stellenbosch liderada pelos professores Jaco Le Roux e Heidi Hirsch analisaram um conjunto de mais de 291 extinções de plantas desde 1700 em dez hotspots de biodiversidade de seis pontos frios que cobrem cerca dos 15% da superfície terrestre da terra.

De acordo com este estudo, 45,4% de todas as plantas conhecidas, 10 dos 36 hotspots de biodiversidade do mundo já estão extintas, e as regiões que abrigam espécies únicas vem sofrendo há tempos ameaça humana, o que pode proporcionar a extinção das mesmas em curto espaço de tempo.

A agricultura é apontada como responsável da extinção das plantas em 49,4%, a urbanização em 38% e espécies invasoras em 22%. O mais agravante neste estudo é que o resultado das análises mostra que desde a década de 1990, as taxas de extinção das plantas nos últimos 300 anos parecem ter sido fixadas em 1,26 extinções por ano.

A preocupação maior é que dentro destas áreas estudadas há uma previsão chocante que pelo menos 21 espécies serão completamente extintas até 2030, 47 espécies até 2050 e 110 espécies até 2100 se nada for feito para parar a extinção completa das espécies que se encontram em perigo de sumirem da face da Terra.

Outro estudo publicado na Nature Climate Change e liderado pelas  universidades de Stanford e a Autônoma de Barcelona incluindo pesquisadores do Imperial College London constataram que árvores e plantas poderiam remover até seis anos de emissões de dióxido de carbono até 2100, porém isso só seria possível se não houvessem mais desmatamentos, algo praticamente impossível nos dias atuais.


O estudo analisou 138 experimentos, onde os pesquisadores mapearam o potencial de plantas e árvores atuais que podem armazenar carbono extra até o final do século. O interessante é que à medida que as plantas se desenvolvem, absorvem cada vez mais dióxido de carbono do ar. O que melhoraria muito o meio ambiente, uma vez que, o homem tem aumentado às emissões de gases tóxicos na atmosfera.

No entanto, o crescimento das plantas não acontece apenas por causa das concentrações de CO2, também porque há disponibilidade de nutrientes no solo, particularmente o nitrogênio e o fósforo. Se não houver nutrientes suficientes, elas não crescerão mais, apesar das altas taxas de concentrações de CO2.

Uma pesquisa publicada na Nature Ecology and Evolution reuniu mais de 80 pesquisadores marinhos da Escola de Ciências Bológicas de Irvine, Universidade da Califórnia, e constataram o alto número de branqueamento de corais decorrente do aumento da temperatura dos mares. A pesquisa abrangeu mais de 2.500 recifes em 44 países.



Os pesquisadores marítimos liderados por Joleah Lamb, professora assistente de ecologia e biologia evolutiva reuniram diversas informações através de inspeção visual mergulhando até seis horas por dia, analisando o tamanho dos corais e a saúde de mais de 300 espécies. Constataram que, quando a temperatura do mar aumenta, os corais expulsam as algas das quais normalmente dependem para obter energia. O excesso de energia tira a cor dos corais fazendo com que fiquem brancos e morram.

Segundo os cientistas envolvidos na pesquisa, há tempo ainda para salvar os recifes se algumas estratégias forem colocadas em prática na região oceânica Indo-Pacífico. Uma dessas estratégias é proteger a região do impacto humano o que corresponde 17% do total dos corais, a outra é ajudar a recuperar 54% de todos os corais danificados e por último é tentar fazer com que as comunidades costeiras se adaptem de acordo com os corais, o que corresponde 28% do total.

Enquanto líderes de diversos países acreditarem que a destruição do meio ambiente é apenas algo imaginativo alardeado pelos ambientalistas, todos nós continuaremos assistindo de camarote a destruição de diversos habitats espalhados ao redor do mundo, entre os quais a Floresta Amazônica, que apesar da maior parte dela estar em território brasileiro é patrimônio natural da humanidade, ou seja, pertence a todos os povos.



Ignorar o problema das queimadas dizendo que é um problema ocasional causado pelo tempo seco que acomete a região neste período, é o mesmo que tentar encobrir os problemas reais que vem acontecendo há tempos na região amazônica. Os interesses políticos dos governantes, que acreditam no agronegócio como o setor mais rentável do Brasil, têm feito com que latifundiários e madeireiros explorem a região extensivamente.

As queimadas acabam sendo o recurso mais fácil para a derrubada de árvores centenárias da região, consequentemente destroem o habitat de diversas espécies animais e vegetais, a fim de possibilitarem a reutilização das áreas devastadas em pastos e no cultivo de grãos, como a soja, milho, feijão e arroz. O agronegócio é um dos setores mais lucrativos do país, sendo inteiramente apoiado pelo governo federal atual, que possui políticas de incentivo a expansão do setor sem se importar com o meio ambiente, ou seja, enquanto o país estiver lucrando, a natureza estará definhando e junto com ela toda a população global que direta e indiretamente depende da Floresta Amazônica.



Interesses políticos e econômicos jamais podem estar acima dos interesses da preservação ambiental, indiferente que no passado países desenvolvidos destruíram suas florestas, e que atualmente gastam grandes quantias de dinheiro para recuperá-las. O péssimo exemplo do passado, não deve ser seguido nem pelo Brasil e muito menos pelos demais países da região Amazônica.

A política do retrocesso demonstra um governo enfraquecido, sem parâmetros, e desacreditado por não ter políticas econômicas adequadas ao desenvolvimento do país. Acreditar que um país não precisa de políticas de preservação ambiental demonstra o quanto o governo atual caminha para um abismo sem precedentes.

Enquanto a autoridade máxima de um país não se comportar como um verdadeiro chefe de Estado e continuar ofendendo ou discutindo com outros líderes através das redes sociais, o país continuará patinando no lamaçal em que se encontra atualmente, sem políticas públicas adequadas à realidade nacional, ou seja, continuaremos na corda bamba correndo o risco de sermos banidos por outros países, o que pode impedir novos acordos internacionais e até mesmo sofrer diversas sanções econômicas.

Artigo protegido pela Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. É PROIBIDO copiar, imprimir ou armazenar de qualquer modo o artigo aqui exposto, pois está registrado.




Licença Creative Commons
O trabalho Na corda bamba... de Marisa Fonseca Diniz está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://marisadiniznetworking.blogspot.com/2019/09/na-corda-bamba.html.

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