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Nem tudo está perdido...


Marisa Fonseca Diniz




A vida nem sempre pode ser baseada em momentos fugazes, principalmente durante uma pandemia, seja ela por um vírus mortal ou por uma situação que foge a normalidade diária. Muitas pessoas necessitam de contato direto com outras pessoas para se sentirem confortadas em sua vida, seja um familiar, um amigo ou um companheiro de trabalho, não importa, a necessidade de ser agraciada por um abraço, uma conversa despretensiosa faz toda a diferença na vida de muitos indivíduos.

De alguns anos para cá, a quantidade de pessoas que moram sozinhas mais que dobrou em todo mundo, só nos Estados Unidos, por exemplo, 34 milhões de pessoas moram sozinhas, no Brasil são 30 milhões de pessoas que estão nesta mesma situação. A família unipessoal é uma realidade dos tempos contemporâneos, infelizmente ainda há muitas pessoas que desconhecem este conceito de família e equivocadamente acreditam que quem vive sozinho é uma pessoa solitária.

Não obstante, nem todas as pessoas que vivem sozinhas de fato optaram em viver dessa maneira, os indivíduos acima dos 60 anos em geral acabam perdendo seus cônjuges ou parceiros e consequentemente adotam este novo estilo de vida, principalmente quando eles possuem uma situação financeira que os beneficiem em ter uma vida mais confortável. Diferentemente das pessoas que estão em situação de maior vulnerabilidade financeira, que acabam ficando sem opção e vão morar com os filhos ou vão morar em casas de repouso.




Os jovens, por sua vez, estão cada dia saindo mais tarde da casa dos pais por diversos fatores, falta de emprego e oportunidades ou dependência financeira, no entanto, há ainda aqueles que são favorecidos financeiramente e optam por morar sozinhos nas grandes cidades ao redor do mundo para desenvolver suas atividades profissionais ou estudar. Para estes indivíduos viver sozinho é uma opção muito agradável e adaptável à nova realidade dos tempos atuais.

O advento do coronavírus que aconteceu no mundo todo, fez com que muitos governos aconselhassem que idosos e portadores de  doenças crônicas ficassem dentro de seus lares, longe de amigos e familiares para evitar que fossem contaminados pelo vírus. No entanto, alguns cientistas sociais americanos ficaram preocupados com este isolamento acreditando que uma nova pandemia pudesse surgir, a da solidão. A solidão é um sentimento no qual uma pessoa pode ter uma profunda sensação de vazio e isolamento, no entanto, este acontecimento pode acontecer com pessoas que vivem rodeadas por outras pessoas também, e não apenas naquelas que vivem sozinhas.

Um estudo recentemente publicado na Revista American Psychologist  com o objetivo de medir a solidão neste tempo de quarentena constatou justamente o contrário. Uma equipe de pesquisadores liderados pela professora associada de ciências comportamentais Angelina Sutin da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual da Flórida analisaram o comportamento de 1500 americanos entre 18 a 98 anos no período de janeiro a abril.

A pesquisa tinha como objetivo analisar como a solidão poderia influenciar a saúde psicológica e física dos participantes. Os participantes da pesquisa preencheram um questionário pelo computador sobre como eles se sentiam sozinhos ou isolados, se tinham pessoas a quem recorrer e se tinham doenças preexistentes.

O questionário apresentava uma escala de 1 a 3, onde 1 era pouco solitário e 3 muito solitário, a pontuação foi de 1,69 na primeira pesquisa, 1,71 na segunda e 1,71 na terceira, ou seja, no período de uma pesquisa para outra, não houve uma estatística significante.  

Dentro deste parâmetro percebeu-se que algumas pessoas relataram que eram recém-solitárias e outras se sentiram menos solitárias ao longo do tempo. Os pesquisadores relataram que não encontraram diferenças raciais nas respostas, mas que, no entanto fizeram uma análise etária e descobriram que as pessoas com 65 anos ou mais tendem a ser mais solitárias do que aqueles que estão na faixa dos 18 a 64 anos.Em termos percentuais, a prevalência da solidão entre as pessoas com 65 anos a mais passou de 16%  na primeira entrevista para 21% na segunda e depois caiu para 18% na terceira.

Uma carta de pesquisa publicada no Jornal da Associação Médica Americana - JAMA em junho por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins citaram a pesquisa nacional realizada entre abril e maio de 2018, antes da pandemia, em que 11% dos americanos relataram que se sentiam sozinhos. Pesquisadores da própria universidade elaborou sua própria pesquisa nacional em abril de 2019 com outros participantes e constataram que 13,8% dos entrevistados disseram se sentir um pouco sozinhos.



Em plena pandemia do coronavírus há outras duas pesquisas em andamento, a primeira liderada pelo psicólogo Jonathan Kanter da Universidade de Washington. Nesta pesquisa, os pesquisadores enviam mensagens de texto pelo celular para as pessoas de Seattle e outras regiões dos Estados Unidos pedindo-lhes que preencham um questionário que inclui quanto de interação social eles tiveram naquele dia, se sentiram compreendidos ou cuidados por outras pessoas e se gostavam de ficar sozinhos.

Psicólogos dizem que a relação do estudo da solidão com o uso das mídias sociais por adolescentes e adultos podem acarretar sintomas de depressão e ansiedade associado a problemas físicos como dores de cabeça e falta de ar, por exemplo, como sendo uma resposta à pressão social. E que isso não acontece quando estão em contato com familiares. Os altos índices de solidão antes da pandemia não são dados satisfatórios, por isso há a necessidade de pesquisas constantes durante a pandemia, a fim de saber até que ponto isso pode interferir na saúde mental das pessoas.

Outros estudos indicam que o isolamento social crônico pode trazer consequências negativas até mesmo para pessoas saudáveis como o aumento de desenvolver uma doença coronária. De certa maneira todos os estudos evidenciam que pessoas acima dos 60 anos de idade, quando isoladas por um período longo podem desenvolver um risco acentuado de demência, enquanto que pessoas que sofrem com a solidão têm até quatro vezes mais risco de morrer.

O pesquisador Oliver Hamming do Instituto de Epidemiologia, Bioestatística e Prevenção da Universidade de Zurique publicou em agosto de 2019 um artigo na revista Plons One, onde relatava que pessoas socialmente isoladas, independente da idade tendem a apresentar comportamentos pouco saudáveis, ou seja, o isolamento pode ser muito prejudicial a determinados grupos de pessoas, tais como idosos, crianças, adolescentes, pessoas com transtornos mentais, além de profissionais da área da saúde, nos quais podemos notar que, durante a pandemia tem sido as mais acometidas pelo coronavírus, sendo que muitas nem conseguem sobreviver.



O ser humano por si só é um ser sociável, sendo o isolamento muitas vezes prejudicial à maioria dos indivíduos que não estão acostumados a viver muito tempo sozinho. Um projeto de atendimento online baseado na experiência de outros países foi criado no Brasil para que pessoas que se sentem sozinhas e isoladas durante a pandemia possam ter apoio emocional.

Nem tudo está perdido e esta pandemia vai passar, com certeza ficaremos seres mais fortes e melhores com estas experiências!

(Fontes de Referência de Pesquisa - Sites: npr.org , ourworldindata.org, self.inc, e revistapesquisa.fapesp.br)

Artigo protegido pela Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. É PROIBIDO copiar, imprimir ou armazenar de qualquer modo o artigo aqui exposto, pois está registrado.

Licença Creative Commons
O trabalho Nem tudo está perdido... de Marisa Fonseca Diniz está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://marisadiniznetworking.blogspot.com/2020/07/nem-tudo-esta-perdido.html.

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