Marisa Fonseca Diniz
A
cada dia que passa a Terra vem sendo agredida contumazmente pelos seres humanos.
O crescimento desenfreado das cidades, a expansão da frota de veículos, a
emissão de gases tóxicos, a poluição dos rios, dos solos e as indústrias
poluentes vêm colaborando com a degradação do meio ambiente. O desenvolvimento
das nações é de suma importância, no entanto, deve-se criar políticas de preservação,
a fim de que as pessoas no futuro possam usufruir dos benefícios e ter uma
ótima qualidade de vida.
Dentre os diversos setores da economia que poluem o meio ambiente, a construção civil é a que mais polui, uma vez que os insumos empregados nas construções são compostos por produtos tóxicos que em contato com o solo e os lençóis freáticos queimam, corroem e deterioram a vegetação.
As questões ambientais vêm ocupando cada vez mais espaço no setor da construção em países desenvolvidos, por sua vez, muitos órgãos de certificação tem exigido o descarte correto dos resíduos deixados nas obras, bem como a utilização de materiais que não agridem a natureza.
Pesquisadores no mundo todo têm desenvolvido materiais sustentáveis com baixa emissão de gases tóxicos, baixos custos e alta qualidade. Segundo, o maior órgão de certificação internacional de construções sustentáveis, o Green Building Council - USGBC, o ranking dos países que mais investem neste tipo de construção são os Estados Unidos, a China e os Emirados Árabes Unidos.
O
desenvolvimento sustentável é necessário para o crescimento econômico,
garantindo a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social. O que
muitas pessoas desconhecem é que a construção sustentável promove intervenções
sobre o meio ambiente sem esgotar seus recursos naturais preservando-os às
gerações futuras. Este tipo de construção utiliza materiais ecologicamente corretos
e tecnologia inteligente promovendo a redução da poluição, a economia de água e
energia.
Dentro deste conceito há a bioarquitetura, ramo da arquitetura que busca construir imóveis em harmonia com a natureza com baixo impacto ambiental e custos operacionais reduzidos. Embora a arquitetura sustentável admita a utilização de insumos ecológicos e recicláveis na composição dos produtos, a bioarquitetura prioriza apenas a utilização de insumos naturais.
O conceito de bioarquitetura surgiu em meados de 1960 com a necessidade priorizar o uso de técnicas e insumos sustentáveis. O processo construtivo sugerido pela bioarquitetura é a utilização de materiais naturais, uma vez que reduzem o impacto com o meio ambiente, transporte e produção. Os materiais naturais utilizados nesse processo são: bambu, palhas, madeira reflorestada, terra, pedra, argila, entre outros.
Os insumos naturais são muito utilizados em construções efetuadas dentro de fazendas, chácaras, casas de campo e paisagismo. Nos centros urbanos utiliza-se insumos sustentáveis ou ecoprodutos (insumos ecológicos) que são mais resistentes, versáteis e de fácil instalação à infraestrutura das cidades.
O bambu
é um bom exemplo de insumo natural muito utilizado na bioarquitetura. O bambu é da subfamília Bambusoideae com caule cilindro
longo de consistência lignosa que pode atingir
Na China e Japão, o bambu é um material muito utilizado na engenharia e na área química. Apesar de ser um material muito versátil, no Brasil, por exemplo, é pouco utilizado devido à falta de conhecimento das espécies, características e aplicações. As aplicações deste material ficam restritas ao artesanato, na fabricação de varas de pescar, móveis e na produção de brotos comestíveis.
O bambu é uma ótima alternativa construtiva, sendo um recurso natural que se renova em curto período de tempo, tem desenvolvimento rápido, baixo custo e aproveita muito bem as áreas, além de ser o maior consumidor de gás carbônico não tendo nenhuma outra planta que se comporte da mesma maneira.
Os principais produtos feitos de bambu utilizados na bioarquitetura são os seguintes:
Chapas de aglomerados;
Chapas de fibra orientada (OSB);
Chapas entrelaçadas para uso em fôrmas para concreto (compensado de
bambu);
Painéis;
Produtos à base de bambu laminado colado (pisos, forros e lambris);
Esteiras;
Compósitos;
Componentes para construção e habitação;
Fabricação de móveis.
Resíduos da casca de arroz, casca de caju, folha de bananeira e bagaço
de cana também são aproveitados na indústria da construção. A necessidade do
uso de resíduos e subprodutos contribui com a preservação do meio ambiente,
além de proporcionarem economia na fabricação de produtos. A utilização de
materiais alternativos, como a cinza das folhas de bananeira na bioarquitetura
está sendo cada vez mais empregada, pois melhoraram a durabilidade e o
desempenho de concretos e argamassas.
Ensaios laboratoriais comprovam que a cinza da folha de bananeira apresenta atividade pozolânica podendo ser adicionada parcialmente em argamassas com proporções de até 30%, atendendo os requisitos técnicos estabelecidos na norma técnica NBR 13281/05.
Além da utilização destes produtos naturais, a bioarquitetura também aproveita a mão de obra local, onde as obras são executadas, uma vez que minimiza o alto custo da construção e a emissão de poluentes.
Dentro deste conceito da bioarquitetura há a arquitetura bioclimática, que consiste em projetar edifícios levando em consideração às condições climáticas e os hábitos de consumo utilizando recursos disponíveis na natureza, tais como sol, vegetação, chuva e vento amenizando os impactos ambientais e reduzindo o consumo energético.
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Baseado no trabalho disponível em https://marisadiniznetworking.blogspot.com/2022/11/arquitetura-sustentavel.html.
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