Ageísmo, um preconceito contumaz

Marisa Fonseca Diniz

Quando questionamos, o verdadeiro motivo do mercado de trabalho rejeitar os profissionais acima de determinada idade ficamos estupefatos pela quantidade de desculpas sem qualquer tipo de explicação cabível. O fato é que a cada dia, mais pessoas são apagadas dos processos seletivos devido à idade avançada, mesmo elas tendo os requisitos solicitados nas vagas de emprego.

Um profissional de 40, 50 ou 60 anos de idade não pode ser visto como um ancião, uma vez que a qualidade de vida em todo mundo mudou muito nas últimas décadas. Doenças que antes eram vistas como um impedimento laboral, atualmente com os novos recursos da medicina é possível viver de maneira saudável permitindo que todos desenvolvam melhor qualidade de trabalho.

A maturidade não pode ser vista como um impedimento, uma vez que as pessoas acima de determinada faixa etária possuem mais experiência, responsabilidade e garra em questões de aprendizado. Se basear em conceitos retrógrados de que os profissionais mais velhos são preguiçosos e não entendem nada de tecnologia, por exemplo, demonstra preconceito e resistência em contratar aqueles que estão em pleno desenvolvimento.

O fato é que quanto mais as pessoas envelhecem com saúde, mais elas estão dispostas a estudar e trabalhar de modo a sentirem-se úteis para a sociedade e desta maneira contribuir com a evolução e o desenvolvimento do país em que vivem.

Ageísmo, idadismo e etarismo são palavras sinônimas, que significa o preconceito de idade. O preconceito contumaz tem um resultado negativo para a sociedade, uma vez que denigre a imagem das pessoas e as coloca em uma situação degradante. O pai de família que está longe da aposentadoria e está com mais de 50 anos de idade pode passar mais tempo procurando um emprego do que o jovem com 25 anos de idade sem experiência.

 A mulher solteira, viúva, divorciada que mantêm sob sua tutela, os filhos, pais ou agregados pode se ver em uma situação desprezível quando percebe que é excluída de todas as oportunidades de emprego, apenas porque está com mais de 60 anos de idade. O mesmo pode acontecer com os profissionais que estão próximos de completar 50 anos de idade.

Excluir um profissional por pertencer às gerações mais maduras denota que não apenas a sociedade não está preparada para assimilar que daqui alguns poucos anos haverá mais pessoas idosas no planeta como também as empresas por não reconhecerem que logo não terá mais mão de obra disponível no mercado de trabalho.

A economia não pode parar, e é justamente a hora das empresas se adequarem ao novo regime de gestão organizacional baseado na eficiência e transparência. Environmental Social and Governance – ESG está revolucionando o conceito de inovação, pois mensura o desempenho das organizações relacionadas às questões ambientais, sociais e governança.

Um dos pontos interessantes da ESG é a implantação de políticas internas, onde se faz necessário a interação de gerações no ambiente de trabalho.  Quando se mistura diferentes gerações, os resultados podem ser sensacionais, pois é uma maneira prática de proporcionar conhecimento e experiência favorecendo o desenvolvimento da empresa como um todo.

Um conjunto de padrões e boas práticas se fazem necessário, quando da necessidade da empresa definir se é consciente social, possui práticas sustentáveis e é gerida de maneira correta. Não basta ter processos de conscientização sustentável no que diz respeito à geração de energia limpa, por exemplo, se explora a mão de obra dos jovens e exclui os profissionais maduros. O intuito é equilibrar os três pilares de modo que todos se beneficiem com as práticas, caso contrário todos sairão perdendo.

Que as empresas e a sociedade de modo geral tenham mais consciência de que o preconceito não leva a lugar algum, uma vez que, a exclusão causa mais danos do que favorecimentos. Enxergar o profissional maduro como um profissional com vasta experiência e sedento de oportunidades fará com que as empresas aproveitem melhor a mão de obra disponível, bem como a capacidade que cada um possa agregar na organização de modo que todos os envolvidos nesse processo saiam ganhando.

O imediatismo nunca foi a melhor receita para o sucesso! 

 

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